Sempre Você

Ah, Sempre Você! Sabe, há filmes que chegam até nós como uma brisa fresca de um passado que, talvez, nunca tenhamos vivido de fato, mas que ressoa em nossa alma de uma maneira estranhamente familiar. Quando me propus a revisitar essa joia de 2019, foi exatamente essa sensação que me impulsionou. É uma daquelas obras que não apenas contam uma história, mas que a cantam, a dançam, envolvendo-nos num abraço caloroso que cheira a nostalgia e a esperança. É como abrir uma caixa de memórias empoeiradas e encontrar um bilhete de amor vibrante e intocado.

O ano era 1970, e o mundo fervilhava com a promessa de uma liberdade recém-descoberta. Francesca, nossa protagonista interpretada com uma efervescência contagiante por Laura Chiatti, era a personificação dessa era. Jovem, indomável, ela se lançou numa odisséia pessoal pelo mundo, um périplo que a transformou. Ao retornar à sua cidade natal, a garota loira e de olhos azuis que Matteo, o vizinho eternamente apaixonado (um Michele Riondino que nos conquista com seu olhar), conhecia, já não existia. Ou talvez existisse, mas sob camadas de experiências, cicatrizes e risadas que só o tempo e a estrada podem talhar. É fascinante observar como o filme, com a delicada direção de Marco Danieli, não pinta Francesca como uma vilã ou uma heroína perfeita, mas como um ser humano complexo, em constante fluxo, ecoando a própria ambiguidade da vida real. Ela é o reflexo de uma geração que se libertava, e que, nesse processo, se via e se perdia.

E então temos Matteo, o porto seguro, o elo com o passado que Francesca tentou deixar para trás, mas que, no fundo, a define. A “viagem romântica” que ele empreende para reconquistá-la não é apenas uma metáfora; é o cerne pulsante de Sempre Você. E é aqui que a magia musical de Battisti e Mogol entra em cena, não como meros acompanhamentos, mas como o próprio coração que bombeia sangue para a narrativa. As canções se tornam diálogos, monólogos, declarações de amor e lamentos de saudade. Você não escuta a música, você a sente se entrelaçando com cada movimento, cada olhar. As espetaculares coreografias não são apenas ornamentos; elas são a linguagem oculta dos personagens, o que eles não conseguem dizer com palavras, expressam com o corpo, numa dança que é tanto um desafio quanto um convite. É como se cada nota fosse um passo de balé, e cada letra, um movimento de câmera. Michele Riondino consegue nos transmitir a perseverança de Matteo, a paciência quase santificada de quem ama sem pedir nada em troca, apenas a presença. Há uma doçura em sua teimosia que desarma qualquer cinismo.

O roteiro de Isabella Aguilar tem o mérito de tecer essa tapeçaria de emoções com uma naturalidade admirável, permitindo que a música não sufoque a história, mas a eleve. É um romance que não se limita ao “felizes para sempre”, mas que explora o desafio de conciliar o passado com o presente, a liberdade com o afeto, a individualidade com o compromisso. Valeria Bilello, como Linda, e Thomas Trabacchi, como Pietro, adicionam camadas importantes a esse universo, mostrando que o amor e as escolhas nunca são apenas entre dois, mas envolvem um mosaico de relações e influências. O trabalho das produtoras Fabula Pictures e Lucky Red, sob a batuta de Andrea Occhipinti e Nicola De Angelis, é evidente na qualidade visual e sonora do filme, transportando-nos diretamente para a Itália dos anos 70, com seus cenários vibrantes e figurinos que falam por si só.

AtributoDetalhe
DiretorMarco Danieli
RoteiristaIsabella Aguilar
ProdutoresAndrea Occhipinti, Nicola De Angelis
Elenco PrincipalMichele Riondino, Laura Chiatti, Valeria Bilello, Thomas Trabacchi, Giulio Beranek
GêneroComédia, Romance, Música
Ano de Lançamento2019
ProdutorasFabula Pictures, Lucky Red

Quando a tela se apaga, Sempre Você não é um filme que simplesmente termina. Ele ecoa. ecoa em você como uma melodia de Battisti que, de repente, você se pega cantarolando dias depois. Ele nos lembra que o amor, em suas formas mais puras e complicadas, é uma jornada, uma dança infinita de chegadas e partidas, de transformações e reencontros. E que, talvez, a pessoa que você sempre amou esteja ali, esperando, enquanto você descobre quem você realmente é. Não é uma história de amor convencional, não tá? É uma ode à descoberta de si mesmo e à coragem de se permitir amar, ou ser amado, de novo. Em 2025, essa obra ainda se sustenta, não como um mero musical, mas como um pedaço pulsante de cinema que, com humanidade e paixão, nos convida a dançar ao som da vida.

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