Shrek Para Sempre: Um Adeus Digno ou um Passo em Falso?
Quatorze anos após o lançamento do primeiro filme e mais de uma década depois de sua estreia nos cinemas brasileiros em 29 de outubro de 2010, revisitar Shrek Para Sempre me trouxe uma avalanche de sentimentos nostálgicos, misturada a uma dose saudável de reflexão crítica. Este quarto capítulo da saga do ogro verde, dirigido por Mike Mitchell, não é simplesmente um filme de animação; é um testamento – talvez até mesmo um pedido de desculpas – pela trajetória da franquia.
O longa nos apresenta a Shrek em uma crise existencial. Cansado de sua vida familiar aparentemente perfeita, ele fecha um pacto com o astuto Rumpelstiltskin, em busca de um passado glorioso. O resultado? Uma realidade distorcida onde ele nunca conheceu Fiona, ogros são perseguidos e Rumpelstiltskin reina. A jornada de Shrek para restaurar seu mundo, e mais importante, seu amor por Fiona, forma a espinha dorsal da narrativa. Embora eu tenha gostado da premissa criativa de explorar um universo alternativo, o roteiro, assinado por Josh Klausner e Darren Lemke, às vezes falha em desenvolver esse potencial plenamente.
As atuações de voz, pilares da franquia, continuam impecáveis. Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz e Antonio Banderas entregam mais uma vez performances memoráveis, dando vida aos personagens com sua química familiar. Walt Dohrn, como Rumpelstiltskin, também se destaca, proporcionando uma versão sinistra e intrigante do clássico vilão. A direção de Mitchell, por sua vez, é competente, conduzindo a história com eficiência, mas sem o brilho e a inovação dos primeiros filmes. A animação, apesar de ser boa tecnicamente, não apresenta grandes avanços em comparação com os seus antecessores. A sensação é de um “mais do mesmo”, uma escolha segura que, ao mesmo tempo, pode ser interpretada como uma falta de ambição.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Mike Mitchell |
| Roteiristas | Josh Klausner, Darren Lemke |
| Produtoras | Gina Shay, Teresa Cheng |
| Elenco Principal | Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Walt Dohrn |
| Gênero | Comédia, Aventura, Fantasia, Animação, Família |
| Ano de Lançamento | 2010 |
| Produtora | DreamWorks Animation |
Um dos pontos fortes do filme reside na sua exploração de temas como a nostalgia e a busca pela identidade. Shrek questiona seu lugar no mundo e a felicidade que sempre achou que queria. Essa jornada introspectiva, apesar de não ser totalmente aprofundada, adiciona uma camada de maturidade à narrativa, contrastando com o humor mais escrachado dos filmes anteriores. A mensagem final, no entanto, pode ser considerada um pouco óbvia e previsível, embora eficaz.
Entretanto, Shrek Para Sempre peca por não alcançar o mesmo nível de originalidade e magia dos seus predecessores. A fórmula, repetida exaustivamente, demonstra sinais claros de desgaste. Senti uma certa falta da espontaneidade e da criatividade que tornaram a franquia tão icônica. Algumas piadas caem no vazio, e o roteiro apresenta alguns momentos de preguiça narrativa, prejudicando o ritmo e a imersão.
Após a minha revisita em 2025, cheguei a conclusão que Shrek Para Sempre representa um final decente para a saga. Ele não alcança a grandeza dos primeiros filmes, mas cumpre seu propósito de encerrar a história de Shrek de maneira respeitosa. É um filme que tenta homenagear o que tornou a franquia popular sem reinventar a roda, e esse, acredito, foi um dos seus maiores desafios e, paradoxalmente, seu maior ponto fraco. Recomendo a sua exibição, principalmente para os saudosistas que cresceram com Shrek, como um filme nostálgico e familiar. Para os novos espectadores, sugiro começar pela trilogia original, para então apreciar a conclusão dessa saga animada tão marcante. Para quem já assistiu e não se encantou, uma nova visualização, com a perspectiva do tempo, pode mudar a opinião. Afinal, até um ogro verde merece uma segunda chance.




