Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme – Uma carta de amor (quase perfeita) à infância
Dez anos se passaram desde que assisti a Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o filme nos cinemas, em 14 de janeiro de 2016. Dez anos de lembranças, de reflexões sobre a infância, e agora, uma revisita a essa adaptação animada da clássica tirinha de Charles M. Schulz. E posso dizer, com a lucidez de quem já passou da fase de encantamento puro, que o filme permanece uma experiência significativa, embora com algumas ressalvas.
A sinopse é simples e eficaz: enquanto Charlie Brown se debate com as dificuldades de uma vida repleta de pequenas e grandes decepções amorosas e sociais, seu inseparável beagle, Snoopy, parte em uma aventura aérea fantástica, enfrentando seu arqui-inimigo, o Barão Vermelho. Essa dualidade narrativa, que acompanha a jornada emocional do menino e a fantasia desvairada do cachorro, é o coração da obra.
A direção de Steve Martino, embora não tenha reinventado a roda (e talvez nem tenha tentado), é competente. A animação em computação gráfica, ainda inovadora para a época, captura a essência dos desenhos originais com fidelidade surpreendente, ao mesmo tempo em que oferece uma fluidez e riqueza de detalhes que elevam a experiência. A decisão de manter a estética tradicional, com traços simples e cores vibrantes, foi, sem dúvida, acertada. A trilha sonora, comovida e nostálgica, completa o ambiente perfeito para a aventura.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Steve Martino |
| Roteiristas | Craig Schulz, Cornelius Uliano, Bryan Schulz |
| Produtores | Paul Feig, Bryan Schulz, Craig Schulz, Michael J. Travers, Cornelius Uliano, Katie Hasleham |
| Elenco Principal | Noah Schnapp, Bill Melendez, Marleik 'Mar Mar' Walker, Alex Garfin, Hadley Belle Miller |
| Gênero | Comédia, Animação, Família |
| Ano de Lançamento | 2015 |
| Produtoras | Blue Sky Studios, 20th Century Fox Animation, 20th Century Fox, Feigco Entertainment |
O roteiro, assinado por Craig Schulz, Cornelius Uliano e Bryan Schulz, consegue equilibrar o tom leve e divertido com momentos de profunda emoção. A trama, embora previsível, funciona por sua sinceridade. Não se busca surpreender o espectador, mas sim ressoar com ele, evocando memórias e emoções inerentes à jornada da infância. As atuações de voz, embora não sejam todas memoráveis, cumprem seu papel. A voz arquivada de Bill Melendez como Snoopy e Woodstock, uma herança inestimável, adiciona um toque de nostalgia que transcende gerações.
Os pontos fortes do filme residem exatamente nessa capacidade de evocar a infância. A ternura presente na relação entre Charlie Brown e Snoopy, a amizade genuína com Linus, as frustrações e as pequenas vitórias do protagonista – tudo isso é apresentado com uma delicadeza que consegue ser tocante, mesmo para quem não cresceu assistindo aos desenhos clássicos. A fantasia de Snoopy, com seu mundo de guerra imaginário e o Barão Vermelho, adiciona uma camada lúdica deliciosa, sem nunca se descolar da narrativa principal.
Porém, não é tudo perfeito. O filme, em alguns momentos, parece se esforçar demais para ser comovente, caindo em alguns clichês sentimentais. E, como apontavam algumas críticas que li na época de seu lançamento, a experiência pode não ser tão impactante para quem não carrega a nostalgia da tirinha original. Em termos de público, senti que faltava um pouco mais de aventura e ação para prender o público mais jovem.
No geral, Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o filme é uma carta de amor à infância, às vezes um pouco açucarada, mas genuína. Sua mensagem, sobre a importância da amizade, da perseverança e da aceitação de si mesmo, ecoa ainda mais forte hoje, em 2025. Recomendo o filme a todos que buscam uma experiência cinematográfica leve, divertida e, por que não, emocionante. Para os fãs dos Peanuts, é um presente; para os outros, uma oportunidade de descobrir um universo encantador e atemporal. A produção, oriunda da parceria entre Blue Sky Studios e a 20th Century Fox, reflete em sua qualidade o sucesso do empreendimento, garantindo o legado da amada tirinha para as novas gerações, ainda que com pequenas falhas. A cena pós-créditos, aliás, é uma pequena pérola de humor que vale a pena esperar.




