Sobrenatural

Sobrenatural: Um Pesadelo que Perdura na Memória – 14 anos depois

Já se passaram 14 anos desde que, em 22 de abril de 2011, o longa-metragem Sobrenatural invadiu os cinemas brasileiros, e a verdade é que, ao revisitar este clássico do terror, a sensação é de estar diante de uma obra que continua a assombrar – no bom sentido, claro. A premissa é simples, quase clássica: Josh e Renai Lambert se mudam com a família para uma casa maior, buscando um novo começo. Mas logo descobrem que essa nova morada guarda segredos terríveis, envolvendo seu filho Dalton, que entra em coma após um misterioso acidente. A partir daí, uma luta desesperada pela sobrevivência da família contra entidades malignas começa, mergulhando-os num mundo de pesadelos perturbadores e revelações chocantes.

O que torna Sobrenatural tão eficaz, no entanto, não é a originalidade da trama – já vimos casas mal-assombradas e entidades sobrenaturais incontáveis vezes. A maestria de James Wan reside na execução impecável. Ele constrói uma atmosfera de suspense crescente com uma maestria impressionante. Wan, que já havia nos aterrorizado com Jogos Mortais, demonstra aqui uma sofisticação em construir tensão sem recorrer a sustos baratos. A direção de arte, som e trilha sonora se combinam perfeitamente para criar um clima opressivo e claustrofóbico que te deixa na ponta da cadeira do início ao fim. A cinematografia, pontuada por planos longos e ângulos perturbadores, intensifica a sensação de vulnerabilidade da família Lambert. Joseph Bishara, responsável pela trilha sonora, merece menção honrosa. Sua composição é arrepiante e eficaz, uma peça fundamental na construção da atmosfera.

O roteiro de Leigh Whannell, embora não invente a roda, é eficiente na construção da narrativa e dos personagens. A química entre Patrick Wilson e Rose Byrne como Josh e Renai, respectivamente, é palpável. Eles transmitem com realismo o medo, a desesperança e o amor incondicional que sentem por seu filho. Ty Simpkins, como Dalton, é absolutamente cativante, mesmo em seus momentos mais assustadores. Lin Shaye, como a médium Elise Rainier, rouba a cena sempre que aparece, adicionando uma camada de mistério e intriga. São atuações que elevam o filme acima do mero gênero, dando-lhe uma alma.

Apesar de seus acertos, Sobrenatural não é imune a críticas. Certos elementos da trama podem parecer previsíveis para espectadores mais acostumados ao gênero. A explicação sobre a natureza das entidades, embora satisfatória em sua forma, pode soar um tanto simplificada para alguns. No entanto, esses pequenos defeitos são ofuscados pelos muitos acertos da produção. A forma como o filme tece a trama, construindo uma jornada profundamente humana em meio ao terror sobrenatural, é o grande diferencial.

A mensagem principal, acredito, é a força do amor familiar frente ao medo. A luta incessante dos pais para resgatar o filho do mundo das sombras demonstra a força dos laços afetivos. É um tema universal que ressoa profundamente com o público, independentemente do gosto pelo gênero. Sobrenatural não se limita a nos assombrar; ele também nos toca profundamente. A cena pós-créditos, aliás, é um pequeno, mas genial, golpe de mestre que garante um impacto duradouro.

Em suma, Sobrenatural, mesmo após 14 anos, continua sendo um filme assustador e emocionante. Ele não reinventa a roda, mas a utiliza de maneira brilhante, criando uma experiência cinematográfica que se mantém relevante e impactante até hoje. Recomendo fortemente a experiência, seja para quem busca um susto ou para aqueles que apreciam um bom thriller sobrenatural com atuações memoráveis e uma direção impecável. Três estrelas e meia é pouco para descrever a experiência completa, diria que merece um sólido quatro estrelas. É um filme que certamente vai ficar na memória, tanto por seus sustos quanto por sua capacidade de tocar o coração. Se você ainda não o viu, corra para uma plataforma de streaming e prepare-se para um pesadelo memorável.