Sobrenatural: A Porta Vermelha – Um Adeus Assombrado?
Dois anos se passaram desde que assisti a Sobrenatural: A Porta Vermelha nos cinemas, e a experiência ainda ecoa em mim. A franquia, que há muito tempo caminhava por trilhos familiares, ousou entregar um quinto capítulo que, embora não revolucione o gênero, deixa uma marca peculiar. O filme acompanha Josh e Dalton Lambert em mais uma jornada para o lado sombrio do mundo espiritual, desta vez com o jovem Dalton entrando na faculdade, o que não parece ser um evento trivial para a família que convive com forças malignas há anos. A trama se desenvolve a partir do reencontro com demônios reprimidos do passado, causando uma reviravolta sombria na vida aparentemente estabilizada da família. Não esperem reviravoltas radicais na narrativa, mas sim uma exploração mais profunda dos personagens já conhecidos.
A direção de Patrick Wilson é, sem dúvida, o ponto alto do filme. Há uma sensibilidade táctil na forma como ele conduz a atmosfera opressiva, construindo a tensão com maestria. A câmera se move com fluidez, ora flutuando sobre as cenas carregadas de suspense, ora se aproximando dos rostos atormentados dos personagens, amplificando a angústia latente. Wilson demonstra uma compreensão profunda do material, explorando não apenas o terror físico, mas também a fragilidade emocional da relação pai e filho.
O roteiro de Scott Teems, contudo, não se mostra tão impecável. Embora consiga entreter e manter o espectador engajado na história, ele sofre de alguns momentos previsíveis e uma certa dependência dos sustos baratos. A trama, em alguns pontos, se sente ligeiramente apressada, sacrificando um desenvolvimento mais profundo dos personagens em prol do ritmo frenético. A exploração da relação complexa entre Josh e Dalton, apesar de central para a narrativa, poderia ter sido enriquecida com mais nuances e reflexões.
Atributo | Detalhe |
---|---|
Diretor | Patrick Wilson |
Roteirista | Scott Teems |
Produtores | Jason Blum, Oren Peli, Leigh Whannell, James Wan |
Elenco Principal | Ty Simpkins, Patrick Wilson, Rose Byrne, Lin Shaye, Sinclair Daniel |
Gênero | Terror, Thriller |
Ano de Lançamento | 2023 |
Produtoras | Blumhouse Productions, Stage 6 Films, Screen Gems, Oren Peli Productions |
A atuação é, em geral, sólida. Ty Simpkins, como Dalton, entrega uma performance madura e convincente, transmitindo tanto o medo quanto a determinação do personagem. Patrick Wilson, na direção e na frente das câmeras, brilha, com uma performance visceral e carregada de emoções reprimidas. A presença de Rose Byrne e Lin Shaye, apesar de breves, agrega valor à narrativa, dando continuidade à saga que conhecemos e amamos. Sinclair Daniel, interpretando Chris Winslow, contribui para uma dinâmica interessante, mas que poderia ter sido mais explorada.
A força de Sobrenatural: A Porta Vermelha reside na nostalgia e na familiaridade. Para os fãs da franquia, o filme é um presente. A retomada dos temas e elementos que marcaram a saga consegue despertar uma sensação nostálgica, como se estivéssemos revisando velhos amigos. A fraqueza, por outro lado, reside em sua previsibilidade e na falta de inovação. A fórmula já foi usada várias vezes, e, apesar da competente execução, dificilmente surpreenderá quem espera algo completamente novo. O filme peca pela falta de um risco maior, pela opção de um caminho mais seguro e menos arriscado.
Em suma, Sobrenatural: A Porta Vermelha é um final digno, embora não revolucionário, para a história de Josh e Dalton. A direção impecável e as atuações convincentes compensam, em parte, a previsibilidade do roteiro. Recomendo o filme aos fãs da franquia, que certamente apreciarão este capítulo final. Para aqueles que buscam um filme de terror original e inovador, talvez seja melhor procurar outros títulos. É uma despedida melancólica, sim, mas uma despedida que honra a saga e seus personagens. A família Lambert deixa o cinema, deixando uma marca profunda, e um silêncio assombrado.