Soldado de Estanho: Uma Ode ao Desastre?
Ontem, 18 de setembro de 2025, finalmente estreou nos cinemas brasileiros “Soldado de Estanho”, um filme de ação com um elenco de peso que prometia explosões, tiroteios e muita adrenalina. A sinopse, de forma resumida, apresenta Nash Cavanaugh, um ex-agente das forças especiais, em busca de vingança contra Bokushi, um líder de culto que manipulou antigos companheiros de Nash, os Shinjas. A dupla improvável formada por Cavanaugh e o agente Emmanuel Ashburn se infiltra na fortaleza de Bokushi para desmascará-lo. Simples, direto, e, no papel, promissor. Na prática, porém, a experiência foi bem diferente do que eu esperava.
A direção de Brad Furman, apesar do talento demonstrado em trabalhos anteriores, aqui se mostra perdida em meio a um roteiro desconjuntado, escrito por ele próprio em parceria com Jess Fuerst e Pablo F. Fenjves. A narrativa salta de cena em cena sem uma transição orgânica, criando uma sensação de fragmentação que prejudica completamente o envolvimento do espectador. A estrutura narrativa, que deveria construir suspense e tensão, se transforma em uma sucessão de eventos desconexos, quase aleatórios. O que era para ser um thriller tenso se torna um quebra-cabeça narrativo incompleto.
E as atuações? O elenco de estrelas, que inclui Scott Eastwood, Jamie Foxx, Robert De Niro e Nora Arnezeder, infelizmente não consegue salvar o filme da catástrofe. De Niro, um ator que geralmente eleva qualquer produção, parece até desinteressado, entregando uma performance apática. Eastwood tenta imprimir seriedade a Nash, mas o roteiro falho não o permite. Foxx como Bokushi, o vilão carismático, ainda tem alguns momentos memoráveis, mas fica preso no turbilhão caótico do filme. A personagem de Nora Arnezeder, Evoli, é subdesenvolvida e serve como um mero acessório. Apenas Joey Bicicchi, no papel de Lido Rossi, parece se divertir com a loucura do conjunto, e entrega a atuação mais convincente.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Brad Furman |
Roteiristas | Brad Furman, Jess Fuerst, Pablo F. Fenjves |
Produtores | Brad Furman, Brad Feinstein, Jess Fuerst, Keith Kjarval, Steven Chasman, Jim Seibel, Christopher Milburn |
Elenco Principal | Scott Eastwood, Jamie Foxx, Robert De Niro, Nora Arnezeder, Joey Bicicchi |
Gênero | Ação, Thriller |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtoras | Unified Pictures, Romulus Entertainment, Shaken, Not Stirred Productions, Aloe Entertainment, Current Entertainment, TSF Productions, Road Less Traveled Productions, Lost Winds Entertainment, Golden Liberty Films, Daniel Finkelman Films |
A fotografia, por sua vez, confirma as críticas negativas que eu li antes da sessão. Imagens borradas, sem foco, com uma estética visual desastrosa, contribuem para a sensação geral de caos. “Soldado de Estanho” não apenas falha em criar momentos de ação impactantes como, frequentemente, se torna quase insuportável de se assistir. A promessa de um thriller visceral e inteligente se transforma em um filme visualmente perturbador.
No entanto, não tudo foi ruim. A premissa do filme, a exploração da manipulação de veteranos de guerra e a sua busca por propósito após o trauma, apresenta potencial para um estudo de personagem interessante e um filme de ação contundente. Infelizmente, esse potencial permanece inexplorado. A mensagem sobre a fragilidade da mente humana, a busca desesperada por pertencimento, e o perigo da manipulação são temas relevantes, mas mal desenvolvidos.
Então, qual a minha recomendação? Apesar do elenco estelar e do tema promissor, “Soldado de Estanho” é um desastre cinematográfico. A direção, o roteiro e a fotografia são tão ruins que comprometem completamente a experiência. O filme deixa uma sensação de oportunidade perdida, de um potencial inacreditável que se desfez em um mar de decisões criativas equivocadas. Só recomendo assisti-lo se você for um colecionador de filmes bizarros, ou se tiver uma curiosidade mórbida em testemunhar um naufrágio cinematográfico de proporções épicas. Nem mesmo a presença de De Niro consegue salvar esse. Fuja dele.