A gente vive numa correria, não é? Sempre com a sensação de que há algo nos empurrando para a próxima tarefa, o próximo compromisso, a próxima tela. E aí, de repente, surge um filme como Stay. Fiquei pensando, por que justo Stay? O título em si já é um convite, ou uma ordem, dependendo de quem você pergunta. Para mim, foi um aceno, uma lembrança de que, às vezes, o mais aterrorizante é a impossibilidade de seguir em frente, de simplesmente… sair. E foi essa curiosidade, essa pitada de algo familiar e universalmente assustador, que me puxou para a escuridão que Jas Summers nos apresenta.
Desde os primeiros instantes, Stay, que a produtora Andscape nos entregou este ano, em 2025, se aninha naquele cantinho da sua mente onde os medos mais primitivos residem. Não é só mais um thriller de terror; é uma exploração visceral do que acontece quando o controle nos é arrancado, quando a ideia de segurança se desintegra em cada sombra e em cada batida acelerada do coração. Sabe aquela sensação de estar preso em um sonho ruim, tentando gritar, mas a voz não sai? Stay te joga direto nesse pesadelo, e o pior é que você não consegue despertar.
Jas Summers, na dupla função de diretor e roteirista, orquestra essa sinfonia de angústia com uma precisão quase cirúrgica. Ele não te entrega sustos fáceis; em vez disso, ele constrói uma atmosfera que sufoca lentamente, um ar rarefeito onde cada ruído distante, cada ranger de madeira, se torna um prenúncio de algo terrível. A fotografia, mesmo sem eu ter detalhes específicos, consigo sentir que ela trabalha para te encurralar junto com os personagens. Aqueles closes fechados, a iluminação sombria que esconde mais do que revela – é tudo pensado para te manter na ponta do sofá, os nós dos dedos brancos de tanto apertar o braço da poltrona.
E os personagens, coitados. Megalyn Echikunwoke, no papel de Kiara, é a âncora dessa tempestade emocional. Você vê a determinação inicial dela se esvaindo a cada tentativa frustrada de escapar, a esperança se transformando em um desespero quase palpável. Seus olhos, antes cheios de faísca, tornam-se espelhos da exaustão e do terror que a consome. Não é preciso que ela diga “estou com medo”, a gente vê o medo dela no tremor sutil de suas mãos, na forma como ela puxa o ar, como se cada respiração fosse um fardo pesado. Ao lado dela, Mo McRae, interpretando Miles, oferece uma contraparte complexa. A dinâmica entre eles, essa teia de apoio e desconfiança que se forma sob pressão extrema, é um dos pontos altos do filme. Brock, de Brandon Firla, Jeremiah, de Dominic Stephens, e Chauncey, de Patrick Cloud, cada um adiciona uma camada diferente à tensão, revelando suas próprias vulnerabilidades e instintos de sobrevivência de formas que te fazem questionar: o que eu faria nessa situação? É fascinante como Summers usa as interações deles para mostrar o quão frágil é a nossa civilidade quando a linha entre a vida e a morte se torna tênue.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Jas Summers |
Roteirista | Jas Summers |
Elenco Principal | Megalyn Echikunwoke, Mo McRae, Brandon Firla, Dominic Stephens, Patrick Cloud |
Gênero | Thriller, Terror |
Ano de Lançamento | 2025 |
Produtora | Andscape |
O que me prendeu em Stay não foi apenas o medo do desconhecido, mas a forma como ele desmascara a psique humana. Não é sobre monstros saindo das paredes; é sobre os monstros que cultivamos dentro de nós quando somos levados ao limite. A linguagem é crua, as reações são orgânicas, quase desconfortáveis de assistir, de tão reais. A gente se pega refletindo sobre as nossas próprias escolhas, sobre a nossa capacidade de suportar o insuportável. Perguntas retóricas como “até onde você iria para sobreviver?” se tornam muito mais do que retóricas; elas viram ecos assombrados na sua cabeça.
Enfim, Stay não é para quem busca um entretenimento leve de sexta-feira à noite. É um filme que te desafia, te provoca e, sim, te assusta de um jeito que filmes de terror raramente conseguem hoje em dia. Jas Summers, com sua visão singular, nos dá um lembrete contundente de que, às vezes, a pior prisão é a que construímos para nós mesmos – ou a que somos forçados a habitar, sem opção de saída. E por isso, por essa experiência imersiva e perturbadora, Stay não me deixou ir embora facilmente. Na verdade, ele insiste em ficar, reverberando na memória muito depois de os créditos rolarem. E é isso que, para mim, o torna tão eficaz.