Sua Culpa

Um Amor em Queda Livre: Resenha de Sua Culpa

Sua Culpa, lançado em 26 de dezembro de 2024 no Brasil, chegou às plataformas digitais prometendo um romance avassalador, e entregou… algo mais complexo. A história gira em torno de Noah e Nick, um casal apaixonado desafiado por famílias desaprovadoras e as inevitáveis mudanças que a vida adulta impõe. Um novo emprego para ele, a faculdade para ela, e a reaparição de fantasmas do passado ameaçam destruir a relação, numa trama que se desenrola entre paixões aviltantes, segredos de família e, sim, tentativas de suicídio. Tudo isso embalado por uma trilha sonora que, por sinal, merece menção honrosa – uma escolha perfeita para acentuar a atmosfera tensa e carregada de emoções.

A direção de Domingo González, embora competente, pecou em alguns momentos por uma previsibilidade excessiva. A câmera, muitas vezes, se limita a observar os conflitos se desenrolarem, sem a audácia e a criatividade necessárias para transformar a tela em um verdadeiro palco das emoções. O roteiro, assinado por González e Sofía Cuenca, por outro lado, equilibra o melodrama com momentos de rara sensibilidade. A construção dos personagens, especialmente a da complexa Rafaela (Marta Hazas), é um dos pontos altos do filme. Há uma nuance na performance de Hazas que transcende a vilã estereotipada, a mergulhando em uma profundidade psicológica intrigante.

Mas, aqui está a minha verdadeira surpresa: as atuações. Nicole Wallace e Gabriel Guevara, como Noah e Nick, respectivamente, brilham. A química entre eles é palpável, transportando o espectador para o turbilhão emocional do casal. Há uma honestidade crua em suas performances que ultrapassa os diálogos, um diálogo silencioso que fala volumes sobre a intensidade do amor e a fragilidade da alma humana. Iván Sánchez e Eva Ruiz oferecem um suporte sólido como William e Jenna, adicionando camadas à já complexa narrativa familiar.

O filme, no entanto, não escapa de alguns tropeços. A trama, embora eficiente em construir a tensão, se torna um tanto previsível no último ato. Há uma certa pressa em resolver os conflitos, sacrificando a profundidade emocional em prol de um fechamento abrupto. A tentativa de inserir o tema de saúde mental, embora louvável, poderia ter sido explorada com mais sensibilidade e profundidade. Senti uma certa falta de nuances, especialmente em relação ao impacto da tentativa de suicídio na dinâmica do casal e seus familiares. Foi pincelado de forma superficial, quase como uma narrativa obrigatória, em vez de um elemento fundamental que perpassa toda a trama.

Apesar dessas falhas, Sua Culpa consegue emocionar. A história de amor entre Noah e Nick é comovente, e a exploração das complexas relações familiares é perspicaz. O filme se destaca ao enfrentar temas difíceis, como o desamor familiar, a pressão social e a vulnerabilidade emocional. A mensagem final, embora um pouco açucarada para o meu gosto, reafirma a importância do amor próprio e da resiliência em meio à adversidade.

Em retrospecto, analisando o filme a partir de setembro de 2025, entendo que a recepção da crítica foi um tanto dividida. Muitos elogiaram as performances, enquanto outros criticaram a previsibilidade da trama. Acredito que Sua Culpa é um filme que merece ser visto, especialmente por aqueles que apreciam dramas românticos com nuances emocionais. Apesar de seus defeitos, ele consegue tocar o coração e provocar reflexões importantes. Minha recomendação? Assista, mas vá preparado para uma montanha-russa emocional com alguns solavancos no caminho. Se você gosta de um drama que te faz pensar e sentir, Sua Culpa te proporcionará isso em doses generosas.