Terra dos Sonhos: Uma Aventura que Encanta, Mas Não Inova
Confesso: cheguei a Terra dos Sonhos com certa reserva. Filmes familiares de fantasia, especialmente aqueles que se aproximam do “live-action” de contos de fadas, muitas vezes pecam por serem previsíveis e açucarados demais. Três anos se passaram desde sua estreia no Brasil em 18 de novembro de 2022, e só agora, em setembro de 2025, tive a oportunidade de assistir a essa produção da Chernin Entertainment e about:blank, e devo admitir que, apesar de alguns tropeços, Terra dos Sonhos me surpreendeu positivamente em vários aspectos.
A trama acompanha Nemo, uma órfã que, após uma tragédia, vai morar com o tio em uma grande cidade. Lá, ela descobre um mundo mágico, a Terra dos Sonhos, e embarca em uma aventura para encontrar uma pérola mágica que pode realizar seu maior desejo. Essa sinopse, embora concisa, esconde uma trama mais complexa do que se imagina inicialmente, repleta de reviravoltas inesperadas, que, ainda que previsíveis em sua essência, são conduzidas com charme e leveza.
Francis Lawrence, na direção, entrega uma estética visual rica e vibrante. A Terra dos Sonhos é um deleite para os olhos, com uma paleta de cores vibrantes e criaturas fantásticas maravilhosamente criadas. O design de produção é impecável, criando um mundo mágico convincente sem recorrer a exageros digitais que muitas vezes prejudicam esse tipo de filme. O que me impressionou, no entanto, foi a sutileza na transição entre o mundo real e o mundo dos sonhos, criando uma sensação orgânica e imersiva.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Francis Lawrence |
| Roteiristas | David Guion, Michael Handelman |
| Produtores | Francis Lawrence, David Ready, Peter Chernin, Jenno Topping |
| Elenco Principal | Marlow Barkley, Jason Momoa, Chris O'Dowd, Kyle Chandler, Weruche Opia |
| Gênero | Família, Fantasia, Comédia |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | Chernin Entertainment, about:blank |
O roteiro de David Guion e Michael Handelman, embora não reescreva a roda em termos de narrativa, equilibra com maestria o humor e a emoção. Existem momentos genuinamente engraçados, principalmente graças à química entre Marlow Barkley (Nemo) e Jason Momoa (Flip the Creature), e outros que comovem sem cair na melosidade exagerada. Apesar de algumas falhas no desenvolvimento de alguns personagens secundários – senti que Phillip, interpretado por Chris O’Dowd, poderia ter tido um arco mais profundo –, a jornada de Nemo é o centro da narrativa, e a performance de Marlow é tão natural e cativante que carrega o filme nas costas. Momoa, por sua vez, entrega um desempenho divertido e inusitado, quebrando as expectativas do público em relação à sua persona usual.
Mas nem tudo são flores. O filme, embora agradável, não se destaca pela originalidade. A história, em sua essência, é bastante convencional, e alguns elementos da trama são previsíveis, resultando numa experiência agradável, mas que não ficará gravada na memória por muito tempo. A mensagem subjacente sobre a importância da família e da superação da perda é positiva, mas é transmitida de forma um pouco superficial, sem explorar a profundidade emocional que o tema merece.
Apesar disso, a recepção positiva do público, como evidenciado pelos trechos de críticas que li antes de assistir ao filme, foi confirmada na minha experiência. Terra dos Sonhos é um filme que cumpre o seu propósito: entreter toda a família. Ele não reinventará a roda, mas oferece uma jornada mágica, divertida e emocionante, principalmente para os mais jovens. Recomendo Terra dos Sonhos para uma sessão de cinema em família, especialmente se o público procurar um filme leve, divertido e com uma pitada de fantasia. A disponibilidade em plataformas digitais facilita o acesso, tornando-o uma ótima opção para um final de tarde em casa. A experiência de assistir a esse filme, anos após o seu lançamento, me convenceu que, apesar de não ser uma obra-prima, vale a pena ser apreciado por seu charme e bom humor.
