O Pior Jogador de Golfe do Mundo

Em um mundo que tantas vezes nos empurra para a perfeição, para a busca incessante do “melhor”, há algo profundamente libertador em celebrar o imperfeito, o genuíno, o desajeitado. É por isso que, quando me deparei com a história de Maurice Flitcroft, o “pior golfista do mundo”, eu sabia que precisava escrever sobre isso. Não é apenas um filme; é um lembrete caloroso de que a vida, com todas as suas estranhezas e tropeços, é muito mais interessante quando a abraçamos com um coração aberto e uma dose saudável de teimosia.

O Pior Jogador de Golfe do Mundo, lançado em 2022 e conhecido internacionalmente como “The Phantom of the Open”, é uma dessas joias cinematográficas que chegam de mansinho e se instalam no peito da gente. Baseado em uma história real, e a gente sabe o quanto essas narrativas têm um tempero especial, o filme nos apresenta Maurice Flitcroft, um motorista de guindaste de Barrow-in-Furness, uma cidade portuária no coração de Cumbria, no norte da Inglaterra dos anos 70. A vida de Maurice, já permeada por uma curiosa inocência e uma crença quase infantil no destino, toma um rumo inesperado quando ele, por acaso, assiste a uma partida de golfe na televisão. Para ele, não foi um acidente; foi um chamado, uma epifania. E assim, ele decide que vai se qualificar para o prestigiado Aberto da Grã-Bretanha de 1976. Ah, e um pequeno detalhe: ele nunca tinha jogado golfe na vida.

E é aqui que a magia começa. Mark Rylance, que interpreta Maurice, não atua; ele é Maurice Flitcroft. É uma performance que te desarma, que te faz sorrir com uma ternura quase protetora. Rylance consegue capturar a essência de um homem que vê o mundo através de lentes próprias, onde a lógica dos outros é secundária à sua própria convicção. Você percebe a determinação em seu olhar um tanto sonhador, a leveza em seus passos enquanto ele se desequilibra pelos gramados, e a inabalável fé em um propósito que, para qualquer um de nós, beiraria o ridículo. Mas para Maurice, não. Para ele, cada tacada errada é apenas parte do processo, cada bola perdida no lago é uma lição. Não é só comédia; é uma comédia que nasce da pura e doce ingenuidade humana, do tipo que nos faz pensar: “Poxa, quem me dera ter um pouco dessa confiança”.

Ao lado de Rylance, temos a sempre fantástica Sally Hawkins como Jean Flitcroft, a esposa de Maurice. Jean é o porto seguro, a rocha que compreende, apoia e, sim, às vezes suspira com a extravagância do marido. Hawkins traz uma humanidade tocante à personagem, mostrando que por trás de cada “underdog” que busca o improvável, existe uma família que, mesmo balançando a cabeça em descrença, o ama incondicionalmente. Os filhos, incluindo os gêmeos James e Gene (Jonah e Christian Lees) e Michael (Jake Davies), representam diferentes facetas de reação à jornada do pai – do ceticismo inicial à admiração relutante. A dinâmica familiar é retratada com uma autenticidade que nos puxa para dentro daquele lar em Barrow-in-Furness, onde o cheiro de chá e o som das conversas se misturam com o eco dos sonhos mais loucos de Maurice.

AtributoDetalhe
DiretorCraig Roberts
RoteiristasScott Murray, Simon Farnaby
ProdutoresNichola Martin, Tom Miller, Kate Glover
Elenco PrincipalMark Rylance, Sally Hawkins, Jonah Lees, Christian Lees, Jake Davies
GêneroDrama, Comédia
Ano de Lançamento2022
ProdutorasBBC Film, Baby Cow Productions, BFI, Ingenious Media, Water & Power Productions, Cornerstone Films

O diretor Craig Roberts, com um roteiro perspicaz de Scott Murray e Simon Farnaby, navega entre o drama e a comédia com uma leveza notável. O filme não zomba de Maurice; ele o celebra. Mostra a beleza de perseguir uma paixão, mesmo quando todas as probabilidades e, bem, a própria habilidade, estão contra você. Os cenários dos anos 70, com seus tons terrosos, suas roupas peculiares e a atmosfera de uma Inglaterra em transição, são um convite a uma viagem no tempo. A decadência iminente do estaleiro onde Maurice trabalha serve como um pano de fundo melancólico, tornando sua busca por algo novo e extraordinário ainda mais pungente.

O Pior Jogador de Golfe do Mundo não é sobre golfe, não de verdade. É sobre o espírito humano, sobre a ousadia de sonhar grande e falhar espetacularmente, sobre a coragem de ser quem você é, não importa o que digam. É sobre a ideia de que a lenda local não se constrói apenas com vitórias, mas com a persistência de um coração que se recusa a desistir. Maurice Flitcroft se tornou um ícone não por ser o melhor, mas por ser, inquestionavelmente, ele mesmo.

Depois de assistir, a gente se pega pensando: O que é o sucesso, afinal? É levantar um troféu ou é viver uma vida sem arrependimentos, buscando aquilo que nos faz sentir vivos, mesmo que isso signifique se tornar uma piada bem-humorada para o mundo? Eu diria que Maurice, com seu sorriso enviesado e sua fé inabalável, nos ensina que a resposta está na própria jornada. Este filme é um abraço, um lembrete gentil de que todos nós temos um pouco de Maurice Flitcroft dentro de nós, esperando para dar aquela tacada, por mais torta que ela seja. E que tá tudo bem. Na verdade, é mais que bem; é inspirador.

Trailer

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