O Tubarão: À Deriva

À Deriva em um Mar de Problemas: Uma Análise de O Tubarão: À Deriva

Três anos após seu lançamento em 2022, ainda me pego pensando em O Tubarão: À Deriva. Não exatamente pela qualidade cinematográfica, mas sim pela peculiaridade da experiência. Este filme, dirigido e roteirizado por Le Van Kiet, promete um thriller de sobrevivência no mar com a ameaça constante de grandes tubarões brancos. A premissa é simples: um casal em férias no Vietnã, Jaelyn (Alicia Silverstone) e Kyle (James Tupper), vê sua casa de praia destruída por uma tempestade tropical e se vê à deriva, com Kyle gravemente ferido e a ameaça iminente de predadores marinhos. Mas a promessa, infelizmente, se perde em um mar de problemas, como uma jangada furada em alto mar.

A direção de Le Van Kiet tenta criar suspense através de planos subaquáticos e a crescente tensão da situação, mas falta coesão. Os momentos de terror são previsíveis e pouco impactantes, e a construção da narrativa se perde em um ritmo irregular. A tentativa de criar uma atmosfera claustrofóbica funciona em alguns momentos, mas a falta de originalidade na construção do suspense acaba prejudicando o impacto geral. O roteiro, também de Kiet, peca pela superficialidade. Os personagens são estereotipados e pouco desenvolvidos, sem profundidade emocional que pudesse nos conectar verdadeiramente à sua luta pela sobrevivência. A relação de Jaelyn e Kyle se apresenta rasa, dificultando a empatia do espectador.

E as atuações? Bem, aqui reside um dos maiores problemas do filme. Alicia Silverstone, embora ícone dos anos 90, parece completamente fora de lugar no papel. Sua interpretação soa artificial e forçada, destoando da seriedade da situação. A crítica que define a atuação como “miscast” é, infelizmente, acertada. O resto do elenco acompanha o tom geral de performance pouco inspirada. O que poderia ser uma emocionante jornada de sobrevivência se torna uma experiência quase tediosa por conta dessa falta de entrega dos atores.

Apesar de todos os problemas, o filme não é um completo fracasso. A fotografia em algumas cenas subaquáticas apresenta momentos de beleza visual, contrastando com o horror da situação. A ideia central do filme, o combate de uma mulher sozinha contra a fúria da natureza e os perigos do oceano, tem um potencial latente que fica, infelizmente, desperdiçado. A crítica sobre o CGI horrível, especialmente em 2022, também é totalmente pertinente. A tecnologia de computação gráfica de três anos atrás era já bastante desenvolvida; essa falha estética é imperdoável e tira completamente a imersão do espectador.

O tema principal, a luta pela sobrevivência, é explorado de forma superficial. A mensagem, se é que existe uma, se resume a uma narrativa simplista de resiliência feminina, mas sem a profundidade necessária para tornar essa mensagem significativa. Não há uma exploração mais complexa da fragilidade humana diante da imensidão e imprevisibilidade da natureza.

Em resumo, O Tubarão: À Deriva é um filme que desperdiça uma premissa promissora. A combinação de atuações fracas, um roteiro superficial, e CGI deficiente resulta em um produto final decepcionante. Apesar de alguns momentos visuais interessantes, o filme falha em entregar um thriller de sobrevivência convincente. Não o recomendo, a menos que você seja um colecionador de filmes de terror B, ou tenha uma curiosidade mórbida de testemunhar uma produção com um potencial claramente inexplorado e mal-aproveitado. Acho que, em retrospectiva, a recepção negativa do filme, como visto nas críticas que li, se justifica plenamente. Em uma plataforma digital de streaming, em setembro de 2025, este filme é, no mínimo, um mergulho desaconselhável.