O mar tem essa mania estranha de sussurrar segredos, não é? Daqueles que a gente prefere não ouvir ao anoitecer. Mas, e se um desses segredos viesse à tona, envolto na gentileza mais assustadora que você já presenciou? É exatamente essa a sensação que me pegou de jeito com o lançamento de “This Monster Wants to Eat Me”, que acabou de sair do forno hoje, 2 de outubro de 2025. Eu, que já vi de tudo um pouco nesse universo de histórias contadas em celuloide e pixels, achei que pouca coisa poderia me surpreender de verdade. Errei feio.
Porque, veja bem, não é todo dia que você se depara com uma premissa tão deliciosamente perturbadora. A gente conhece a fórmula: heroína em perigo, monstro que a persegue, e a luta pela sobrevivência. Clássico. Mas e se o monstro não apenas te perseguisse, mas jurasse te proteger? E se ele te amasse… na perspectiva de uma refeição gourmet, perfeita? E, o mais insano, e se nessa promessa macabra, você encontrasse uma estranha e profunda esperança?
Essa é a teia que prende Hinako, nossa protagonista, uma garota que vive à beira-mar, na quietude solitária que só o oceano pode oferecer. Ela está lá, vivendo sua vida, até que uma sereia, Shiori, emerge das profundezas e pega sua mão. Não é um aperto violento; é gentil. E então as palavras vêm, como mel e veneno: o sangue e a carne de Hinako são excepcionalmente deliciosos, cobiçados por incontáveis monstros. Shiori, nossa sereia de cauda cintilante e intenções sombrias, promete protegê-la. Mas há um preço, claro. Ela cuidará de Hinako até que ela amadureça, até que atinja seu estado “mais perfeito”, para então… devorá-la. Você consegue sentir o arrepio? Eu senti. A audácia de uma história que nos apresenta uma protetora que é, em última instância, uma predadora suprema, é algo que raramente se vê.
E o que Hinako faz? O que você faria? Ela não grita. Não foge desesperadamente (ainda). Surge nela uma esperança, um pensamento quase impensável: “Talvez ela possa finalmente realizar meu sonho”. Que sonho é esse? A série não nos entrega de bandeja, e essa é uma das coisas mais fascinantes do primeiro episódio. Ela nos joga nessa piscina de ambiguidades e nos deixa nadando. É a solidão que a leva a aceitar esse destino retorcido? É um desejo de propósito, mesmo que esse propósito seja ser a refeição final de alguém? A complexidade aqui é de tirar o fôlego.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Elenco Principal | Reina Ueda, Yui Ishikawa, Fairouz Ai |
| Gênero | Animação, Drama |
| Ano de Lançamento | 2025 |
| Produtoras | Studio Lings, infinite |
O drama se desenrola em animação, e eu, pessoalmente, acredito que a animação é o meio perfeito para uma história com essa carga emocional e visual. O Studio Lings e a infinite, as produtoras por trás, parecem ter captado a essência dessa dualidade. Imagino as ondas batendo suavemente, a luz do sol na pele de Hinako, e então o brilho quase hipnótico dos olhos de Shiori, a promessa de um final. É nesse contraste entre a beleza serena e a ameaça latente que a magia acontece.
E o elenco de vozes? Ah, esse é um show à parte. Reina Ueda como Hinako Yaotose… você já ouviu a voz dela, né? Ela tem essa capacidade inata de transmitir uma vulnerabilidade tão palpável que você quase quer protegê-la você mesmo. É essa fragilidade que torna a esperança de Hinako, diante de tal destino, ainda mais chocante e comovente. E Yui Ishikawa, dando voz a Shiori Oumi, é uma escolha mestra. Ela consegue ser etérea e ameaçadora ao mesmo tempo. Aquela gentileza inicial, aquela voz macia que anuncia um plano tão cruel, precisa de uma atriz que consiga caminhar nessa linha tênue sem escorregar para o caricato. Ishikawa é mestre nisso. E ter Fairouz Ai como Miko Yashiro sugere que não estamos lidando apenas com duas personagens, mas com um universo que se expandirá, talvez adicionando uma pitada de imprevisibilidade a essa dinâmica já instável. Quem é Miko? Uma rival? Uma aliada? Mais uma predadora? As possibilidades borbulham na minha mente.
“This Monster Wants to Eat Me” não é apenas mais uma série de animação. É uma exploração da natureza do desejo, da solidão e do que significa buscar um propósito, mesmo quando esse propósito é ser o alimento final. É sobre a linha tênue entre proteção e posse, entre amor e consumo. Será que Shiori realmente se importa com Hinako, à sua maneira retorcida, ou é apenas a paciência de um caçador experiente? E Hinako, será que ela realmente encontra o que procura nesse acordo faustiano, ou o seu “sonho” é apenas um véu para o desespero?
A série mal começou, e já me deixou com mais perguntas do que respostas, com uma curiosidade quase insaciável. Não é um thriller de ação; é um drama psicológico que se disfarça de conto de fadas sombrio. E, sinceramente, eu mal posso esperar para ver como essa refeição vai ser servida. Você vem comigo nessa?




