Titanic: Um drama subaquático que afunda e emerge em momentos distintos
Doze anos se passaram desde que a minissérie Titanic, criada pelo mestre Julian Fellowes (de Downton Abbey), atingiu as telas em 2012. E, olhando para trás, a distância temporal me permite uma apreciação mais lúcida dessa produção, tão ambiciosa quanto, em alguns momentos, desigual. A série reconta a trágica história do RMS Titanic, focando não apenas no evento catastrófico, mas também nas vidas interconectadas de passageiros de diferentes classes sociais a bordo do navio de luxo, rumo à Nova York. A jornada, vista através de seus diversos personagens, explora os contrastes de riqueza e pobreza, amor e perda, numa época de grandes transformações sociais.
A direção de Jon Jones, embora não revolucionária, faz um trabalho competente em criar a atmosfera opulenta e claustrofóbica da vida a bordo. As cenas no interior do Titanic, especialmente, transmitem o luxo e a opulência da primeira classe, contrastando com a precariedade e a superlotação das classes inferiores. Há uma certa elegância nos planos que capturam a grandiosidade do navio, equilibrada por momentos de intimidade e tensão que constroem a atmosfera de tragédia iminente. Porém, a narrativa visual poderia ter explorado mais os recursos dramáticos visuais, criando uma atmosfera ainda mais marcante e memorável.
O roteiro de Fellowes, como esperado, é primoroso em retratar as nuances sociais e os conflitos pessoais de cada personagem. O drama se constrói não apenas no contexto do desastre, mas também nos dramas interpessoais que se desenrolam ao longo da viagem. Há momentos de grande sensibilidade na escrita, revelando a complexidade das personagens e a amplitude de suas motivações. Mas, é preciso reconhecer que, por vezes, o ritmo se torna arrastado e o excesso de personagens pode diluir o foco narrativo. A saga é grandiosa em sua proposta, mas a profundidade em cada trama acaba sendo comprometida.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Criador | Julian Fellowes |
| Diretor | Jon Jones |
| Roteirista | Julian Fellowes |
| Produtor | Nigel Stafford-Clark |
| Elenco Principal | Peter Wight, Brian McCardie, David Calder, Geraldine Somerville, Jenna Coleman |
| Gênero | Drama |
| Ano de Lançamento | 2012 |
| Produtoras | Lookout Point, Deep Indigo Productions, Sienna Films, Mid Atlantic Films, ITV Studios |
O elenco, um conjunto de atores britânicos talentosos, entrega atuações convincentes. Peter Wight como Joseph Rushton, Brian McCardie como o Primeiro Oficial Murdoch e David Calder como o Capitão Smith, especialmente, conseguem incorporar a atmosfera de tensão e responsabilidade inerentes aos seus papéis. A performance de Jenna Coleman como Annie Desmond também se destaca, embora a própria personagem possa ser considerada um tanto estereotipada. A performance coletiva é um ponto positivo da série, mas falta uma estrela verdadeiramente brilhante para dar ao produto aquele algo a mais.
Entre seus pontos fortes, destaco a riqueza histórica, a exploração da desigualdade social e o desenvolvimento cuidadoso dos personagens – mesmo aqueles com arcos menores. A série se destaca na construção de um contexto detalhado, imersivo, que nos permite vislumbrar uma época e uma sociedade, suas contradições e aspirações, através de um prisma dramático fascinante. Já os pontos fracos residem em alguns momentos de ritmo lento, algumas escolhas narrativas questionáveis e a profundidade desigual dos arcos de personagens. A sensação de que a narrativa poderia ter sido mais concisa e focada em alguns personagens principais prevalece.
A mensagem principal da minissérie é o confronto com a fragilidade da vida e a desigualdade social, temas que são reiterados ao longo da narrativa. A catástrofe do Titanic, além de um evento de proporções inéditas para a época, serve como um poderoso símbolo para a efemeridade da existência e a crueldade da sorte, mas também como um reflexo dos profundos abismos sociais da sociedade britânica do início do século XX.
Em suma, Titanic (2012) é uma minissérie que divide opiniões. Ela não é uma obra-prima irretocável, mas, sim, um trabalho ambicioso que, apesar de algumas falhas, consegue, em muitos momentos, nos cativar com a sua trama intrincada e os seus personagens complexos. Recomendo a série para aqueles que apreciam dramas históricos com uma boa dose de intriga e emoção, lembrando que a paciência será recompensada por uma trama que, apesar de seus defeitos, apresenta momentos de grande impacto emocional. Para um espectador moderno acostumado com a agilidade das séries atuais, pode parecer um tanto lenta em alguns momentos, mas o valor histórico e o talento dos atores justificam uma visita às plataformas de streaming em 2025.




