Todas Contra John

Ah, Todas Contra John. Um título que, só de ler, já me transporta de volta para um tempo onde a maior catástrofe da vida era ser ignorada por um capitão de basquete de ensino médio. E, por que diabos eu estou aqui, em pleno 2025, desenterrando essa pérola de 2006? Bem, é porque, vez ou outra, a gente precisa revisitar aquelas comédias que nos moldaram, que nos fizeram rir e, talvez, até sonhar com uma vingança bem elaborada contra algum “John Tucker” da vida real. É uma viagem de volta ao passado, sim, mas também uma oportunidade de ver como certas dinâmicas, por mais bobinhas que pareçam, ainda ressoam. E, cá entre nós, quem nunca quis dar uma lição em alguém que merecia?

A premissa é tão clássica quanto um crush de escola: John Tucker (o charmoso e, convenhamos, um tanto unidimensional Jesse Metcalfe), o epítome do garoto popular – capitão do time de basquete, com um sorriso de arrancar suspiros – está, sem cerimônia alguma, namorando três garotas ao mesmo tempo. Não uma, não duas, mas três: a ambiciosa aspirante a jornalista Carrie (Arielle Kebbel), a explosiva líder de torcida Heather (Ashanti, que traz uma energia maravilhosa) e a engajada ativista vegetariana Beth (a sempre cativante Sophia Bush). Cada uma delas, um universo à parte, e todas, presas na teia de John.

E é aí que a mágica acontece. Quando elas, por um acaso do destino e das fofocas de corredor – ah, o ensino médio! –, descobrem o engodo, o choque inicial cede lugar a uma fúria coletiva. E, claro, a um plano de vingança. Mas não qualquer plano. Elas querem destruir a reputação de John, fazê-lo pagar por cada coração partido e cada promessa vazia. Quem não entenderia esse ímpeto? Eu, pelo menos, sinto um calorzinho de solidariedade no peito toda vez que vejo elas se unindo. É quase uma ode à sororidade, ainda que temperada com altas doses de sarcasmo e armadilhas hilárias.

O que me pega em Todas Contra John é justamente a ironia que permeia cada tentativa de vingança. A diretora Betty Thomas, com sua experiência em comédias – ela já nos deu filmes como Dr. Dolittle e 28 Dias –, tem um timing cômico que sabe aproveitar o absurdo. Ela não nos entrega um embate sério entre o bem e o mal, mas sim uma dança frenética onde cada passo calculado das garotas para derrubar John acaba, de alguma forma inexplicável, impulsionando-o ainda mais no panteão da popularidade escolar. É como tentar apagar um incêndio com gasolina – o resultado é catastrófico e, paradoxalmente, divertido de assistir. Ele usa roupas íntimas femininas e vira um ícone da “quebra de tabus”? Ele entra em uma dieta hormonal e vira um monstro peludo, mas ainda assim irresistível? O roteiro de Jeff Lowell não tem medo de abraçar o ridículo, e isso é um de seus maiores trunfos.

Atributo Detalhe
Diretora Betty Thomas
Roteirista Jeff Lowell
Produtores Bob Cooper, Michael Birnbaum
Elenco Principal Jesse Metcalfe, Brittany Snow, Ashanti, Sophia Bush, Arielle Kebbel
Gênero Comédia, Romance
Ano de Lançamento 2006
Produtoras John US Productions, Landscape Entertainment, Dune Entertainment, Major Studio Partners, 20th Century Fox

E não posso deixar de falar sobre Kate (Brittany Snow), a “nova garota” que se torna a mentora tática por trás de toda a operação. Ela é a voz da razão, a estrategista que transforma a raiva das outras em um plano de ação concreto. A performance de Brittany Snow traz uma leveza e uma doçura que equilibram o tom mais afiado das ex-namoradas. Sua jornada, de observadora a participante ativa, e o desenrolar de seus próprios sentimentos, adicionam uma camada de romance que transcende a vingança pura e simples. É uma virada interessante, que nos lembra que nem tudo é preto e branco, especialmente quando o coração está envolvido.

Olhando para trás, quase duas décadas depois de seu lançamento em 2006, Todas Contra John talvez não seja um clássico atemporal que mudou o cinema. Longe disso. Mas ele ocupa um lugar especial no gênero de comédias adolescentes. É um filme que, de certa forma, captura o espírito da época, com suas referências pop e uma exploração leve, mas ainda assim perceptível, das dinâmicas de poder e gênero no microcosmo do ensino médio. A direção feminina de Betty Thomas, talvez, tenha contribuído para que as motivações das garotas, mesmo que cômicas, soassem um pouco mais autênticas, e a solidariedade entre elas, um ponto de luz em meio à farra.

Então, sim, Todas Contra John pode ser visto como uma cápsula do tempo, um lembrete de quão intensos e, muitas vezes, absurdos, eram os dramas da adolescência. Mas é também um filme que nos permite rir de nós mesmos, dos nossos primeiros amores e das nossas primeiras (e muitas vezes frustradas) tentativas de dar o troco. É um lembrete de que, às vezes, a melhor vingança é simplesmente seguir em frente, mas que uma boa risada com as amigas sobre a desgraça alheia também não faz mal a ninguém. E, para mim, esse é um legado que vale a pena revisitar.

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