Tomb Raider: A Origem

Tomb Raider: A Origem – Uma Aventura Que Merece Ser Descoberta (Novamente)

Sete anos. Sete anos se passaram desde que Lara Croft, a versão de Alicia Vikander da icônica aventureira, estreou nas telonas em 2018. E, olhando para trás, a distância nos permite uma apreciação mais justa deste reboot, que, apesar de suas falhas, oferece uma experiência cinematográfica satisfatória, mesmo que não seja revolucionária.

O filme acompanha Lara, filha independente de um excêntrico e desaparecido aventureiro, Richard Croft (Dominic West). Determinada a desvendar o mistério por trás do sumiço do pai, ela embarca em uma jornada perigosamente emocionante até seu último destino conhecido: uma ilha mítica, possivelmente localizada perto do Japão, e lar de um túmulo lendário. Para alcançar seu objetivo, Lara precisa confiar em sua inteligência, coragem e, admito, teimosia inabalável. É uma premissa clássica, uma caça ao tesouro com uma heroína forte e independente, algo que, em 2018, já se mostrava uma proposta interessante, e hoje, continua atraente, ainda que nada original.

A direção de Roar Uthaug é competente, equilibrando momentos de ação frenética com cenas mais intimistas que exploram a relação complexa entre Lara e seu pai. A fotografia é belíssima, e as paisagens da ilha mítica, com seus cenários exuberantes e perigosos, são um espetáculo à parte. No entanto, o roteiro, assinado por Geneva Robertson-Dworet e Alastair Siddons, apresenta alguns tropeços. Há momentos em que a trama se torna um tanto previsível, e algumas reviravoltas poderiam ter sido mais elaboradas.

Alicia Vikander entrega uma performance convincente como Lara Croft. Ela consegue transmitir a vulnerabilidade da personagem, mesclada à sua força e determinação. Dominic West também está à altura, adicionando profundidade ao enigma que envolve o personagem de Richard Croft. Walton Goggins, como o vilão Mathias Vogel, cumpre bem o seu papel, embora seu personagem possa parecer um tanto arquétipo. Já a participação de 吳彥祖 (Daniel Wu), como Lu Ren, foi um dos grandes acertos do filme, adicionando um charme oriental único à trama. Kristin Scott Thomas, por sua vez, entrega uma interpretação sóbria e competente como Ana Miller.

Um dos pontos fortes do filme reside na sua capacidade de entregar uma aventura emocionante e visualmente impressionante. As cenas de ação são bem coreografadas e eletrizantes, conseguindo prender a atenção do espectador do início ao fim. Por outro lado, a trama às vezes se perde em subtramas um pouco desnecessárias e o desenvolvimento de alguns personagens secundários poderia ser mais aprofundado. A menção à utilização de mão-de-obra escrava em um dos cenários da ilha adiciona uma camada mais sombria à aventura, um toque de realismo que se encaixa bem no roteiro.

Tomb Raider: A Origem aborda temas como a busca pela identidade, o legado familiar e a importância de superar os obstáculos. A relação conturbada entre Lara e seu pai, e o processo de luto e aceitação que a personagem enfrenta, são elementos que ressoam com o público e adicionam uma camada emocional ao filme. A mensagem subjacente é a de superação e empoderamento feminino, algo que, embora presente em diversos filmes de ação, se destaca aqui pela construção da personagem, mesmo que não se diferencie de outros trabalhos do gênero.

Em resumo, Tomb Raider: A Origem, revisado sete anos depois de sua estreia em 2018, é um filme de aventura satisfatório que equilibra ação e drama. Embora não seja uma obra-prima cinematográfica, sua excelência técnica, as ótimas performances do elenco (principalmente Vikander e Wu) e a atmosfera envolvente o tornam uma opção recomendada para quem aprecia filmes de aventura, especialmente aqueles que já apreciam a franquia de games. Ele não reinventou a roda, mas entregou uma experiência agradável, digna de uma segunda chance em suas plataformas digitais de streaming favoritas. Se você gosta de uma boa aventura com uma protagonista forte e um toque de mistério, vale a pena dar uma chance a este longa-metragem.