Ah, Toy Story 3. Sabe, às vezes, a gente se pega pensando em filmes que realmente nos marcaram, que grudaram na alma e se recusaram a sair. E em 16 de outubro de 2025, enquanto revisito as memórias cinematográficas que moldaram minha paixão por histórias, é impossível não voltar a este clássico. Por que Toy Story 3, você me pergunta? Porque ele é a prova viva de que uma continuação, um sequel, pode não só honrar o legado de seus antecessores, mas elevá-lo a um patamar que, sinceramente, pouquíssimos filmes conseguem alcançar. É um filme que fala sobre transições, sobre o doloroso adeus e o agridoce recomeço, temas que ressoam com qualquer um que já tenha precisado deixar algo (ou alguém) para trás.
Lançado lá em 2010, este filme de animação da Pixar, dirigido por Lee Unkrich e com roteiro de Michael Arndt, pegou a premissa mais simples e talvez mais aterrorizante para qualquer criança ou ex-criança: o que acontece quando você cresce e seus brinquedos não são mais “usados”? Andy, o garoto que acompanhamos por duas aventuras anteriores, está prestes a ir para a faculdade. Seus fiéis companheiros – Woody, o caubói leal com a voz inconfundível de Tom Hanks; Buzz Lightyear, o patrulheiro espacial interpretado por Tim Allen; a energética Jessie de Joan Cusack; o ranzinza, mas adorável, Sr. Cabeça de Batata de Don Rickles; e o medroso, porém corajoso, Rex de Wallace Shawn – estão há anos empoeirados na caixa de brinquedos, sentindo o peso do tempo e o medo do esquecimento.
Aí, a trama nos joga numa espiral de emoções: um acidente no processo de doação faz com que o grupo pare numa creche, a Sunnyside. A princípio, é um paraíso. Crianças! Brincadeiras! Uma vida nova! Mas, como a vida real nos ensina, nem tudo que reluz é ouro. Logo, os brinquedos percebem que caíram num antro de tirania, um verdadeiro inferno de pequenas mãos agressivas e um regime cruel imposto por um ursinho de pelúcia, Lotso – um “vilão” com uma história que te faz questionar o que realmente separa o bem do mal. A creche se transforma numa prisão, e nossos amigos se veem numa situação de “reféns” (ou “hostage”, como diríamos em inglês) de um sistema que os oprime.
O que me pega em Toy Story 3 é a sua capacidade de ser, ao mesmo tempo, uma comédia hilária, um filme de família repleto de aventura e, poxa, um drama existencial profundo. A história flui tão bem com os filmes anteriores que parece uma extensão natural, uma parte orgânica do amadurecimento não só dos personagens, mas também da própria audiência que cresceu com eles. A Pixar, com a produção impecável de Darla K. Anderson e seu selo de qualidade, nos entrega um universo onde “inanimate objects come to life” com uma personificação tão rica que você esquece que está vendo bonecos. Cada ranger de plástico, cada sorriso bordado, cada olhar de plástico parece transbordar sentimentos.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Lee Unkrich |
Roteirista | Michael Arndt |
Produtora | Darla K. Anderson |
Elenco Principal | Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Don Rickles, Wallace Shawn |
Gênero | Animação, Família, Comédia |
Ano de Lançamento | 2010 |
Produtora | Pixar |
E os dubladores? Ah, a magia das vozes! Tom Hanks traz para Woody uma camada de vulnerabilidade e determinação que o torna um líder ainda mais complexo. Tim Allen dá a Buzz um timing cômico que é ouro, especialmente quando ele se transforma no Buzz espanhol – uma das melhores sacadas do filme, tá? Eles não são apenas vozes; eles são a alma desses bonecos, contribuindo imensamente para que a gente acredite na vida que pulsa dentro deles.
A jornada de escape da Sunnyside é uma montanha-russa de suspense, com sequências de ação que te deixam sem fôlego. Quem poderia imaginar que o plano de fuga de brinquedos seria tão engenhoso e tenso? Mas é no clímax, na cena do incinerador, que o filme nos agarra de verdade. Ali, com a morte iminente e a aceitação silenciosa do fim, a união inabalável desses amigos nos faz prender a respiração. É uma sequência que demonstra a maestria de “mostrar, não contar”: não precisamos de diálogos longos para entender o desespero e a coragem daqueles brinquedos que se dão as mãos, prontos para enfrentar o desconhecido juntos.
E depois, o adeus. Andy, o garoto que os amou, os entrega a uma nova criança, Bonnie. É um momento de dor e libertação, de aceitação de que a vida segue e que novos começos são possíveis. É a quintessência do tema de “college”, de seguir em frente, mas sem esquecer as raízes. A cena final, com Woody observando Andy se afastar no carro, é um nó na garganta.
“Great for the kids!”, dizem as críticas, e é verdade. Mas o que as críticas muitas vezes não capturam plenamente é como ele é ainda mais para os adultos. Ele toca na nossa própria relação com a nostalgia, com o crescimento, com o que deixamos para trás e o que levamos conosco. É um filme que, mesmo depois de tantos anos – desde sua estreia no Brasil em 18 de junho de 2010 –, continua a nos emocionar e a nos fazer refletir. E sim, tem um “duringcreditsstinger” que é puro charme, mas o verdadeiro impacto já foi entregue, diretamente ao coração. Toy Story 3 não é apenas um filme; é uma experiência, um lembrete agridoce de que tudo muda, mas que o amor e a amizade verdadeiros, esses, podem durar para sempre. E isso, meu caro leitor, é o que faz a magia da Pixar ser tão, tão humana.