Treze Vidas: O Resgate

É engraçado como certas histórias se fixam na nossa memória coletiva, não é? A gente se lembra da manchete, da aflição que a notícia trouxe, e depois… bem, a vida segue. Mas para aqueles envolvidos, a vida nunca mais é a mesma. E é por isso que, de tempos em tempos, sinto uma necessidade quase visceral de revisitar essas narrativas no cinema. Não por masoquismo, mas por uma curiosidade profunda sobre a resiliência humana, sobre o que nos move quando tudo parece perdido. E foi exatamente essa a faísca que me puxou para Treze Vidas: O Resgate – não apenas o filme, mas a história por trás dele, que nos fez prender a respiração em 2018.

Sabe, não é todo dia que um acontecimento global como o resgate na caverna Tham Luang, na Tailândia, encontra um diretor como Ron Howard. A gente já sabe o que esperar: um cinema competente, bem-feito, que raramente erra o alvo. Mas aqui, Howard parece ter encontrado um terreno fértil para uma abordagem que transcende o espetáculo fácil. O que me marcou profundamente foi a sua recusa em “hollywoodizar” o drama. Em vez de focar em explosões de emoção ou em heróis intocáveis, ele nos mergulha na crueza da situação, na escuridão claustrofóbica e na complexidade logística de um resgate que desafiava qualquer lógica.

A gente entra no filme sabendo o resultado final – os meninos e o treinador são salvos. Mas mesmo assim, a tensão é quase insuportável. É como se o roteiro de William Nicholson nos obrigasse a esquecer o que sabemos, nos colocando lá dentro, junto com os mergulhadores e a equipe de apoio. Você sente o frio da água turva, a pressão do espaço apertado que mal permite a passagem de uma pessoa, o burburinho ansioso das bolhas de oxigênio. As mãos dos mergulhadores tremem levemente ao ajustar seus equipamentos, os olhos de Colin Farrell (John Volanthen) e Viggo Mortensen (Rick Stanton) revelam um cansaço que vai além do físico, um fardo psicológico de carregar vidas em suas mãos molhadas e frias. É um “mostrar, não contar” elevado à enésima potência, e é brilhante.

E por falar em Farrell e Mortensen, e também Joel Edgerton (Harry Harris), Tom Bateman (Chris Jewell) e Paul Gleeson (Jason Mallinson)… o que eles fazem aqui é um atestado de altruísmo performático. Não há estrelismo, não há performances megalomaníacas que buscam o Oscar a todo custo. Pelo contrário. Eles se tornam, de forma quase transparente, os verdadeiros homens que arriscaram tudo. Suas contribuições são sólidas, pragmáticas, e se encaixam perfeitamente na cronologia dos eventos, permitindo que a história, e não os atores, ocupe o centro do palco. É um equilíbrio delicado, e eles o atingem com uma dignidade impressionante. Dá para sentir o peso de cada decisão, o silêncio angustiante enquanto aguardam notícias, a frustração diante de cada revés.

AtributoDetalhe
DiretorRon Howard
RoteiristaWilliam Nicholson
ProdutoresP.J. van Sandwijk, Gabrielle Tana, Brian Grazer, Ron Howard, Karen Lunder
Elenco PrincipalViggo Mortensen, Colin Farrell, Joel Edgerton, Tom Bateman, Paul Gleeson
GêneroDrama, Thriller
Ano de Lançamento2022
ProdutorasImagine Entertainment, Storyteller Productions, Magnolia Mae Films, Metro-Goldwyn-Mayer, Bron Studios, Living Films

Mas ‘Treze Vidas’ não é só sobre os mergulhadores estrangeiros. A dimensão do esforço é vasta. Vemos a participação ativa das forças tailandesas, a liderança local, e a maré de mais de 10.000 voluntários que surgiram para ajudar, lavando roupa, cozinhando, bombeando água. É um testemunho de solidariedade que transcende barreiras culturais e geográficas. A imagem de pessoas de diferentes países e contextos se unindo por um objetivo comum, enfrentando a adversidade juntos, é o que faz a imensidão do espírito humano realmente brilhar, não é? O filme nos lembra que, em momentos de crise, a nossa capacidade de agir em conjunto, de estender a mão, é a nossa maior força.

Mesmo com um ritmo que pode parecer um pouco denso para alguns, Ron Howard e sua equipe de produção (Imagine Entertainment, Storyteller Productions, Magnolia Mae Films, Metro-Goldwyn-Mayer, Bron Studios, Living Films) conseguem manter a narrativa fluida e envolvente. Não há espaço para o melodrama exagerado; a emoção surge da veracidade dos fatos, da representação honesta do perigo e da dedicação. O filme estreou no Brasil em 05 de agosto de 2022 e, quase três anos depois, em 15 de outubro de 2025, a lembrança de sua intensidade ainda persiste.

Ao final, Treze Vidas: O Resgate não é apenas um filme sobre um resgate. É uma meditação sobre coragem, engenhosidade e a improbabilidade de um milagre. É uma obra que nos convida a sentir o nervosismo palpável, a tensão constante do mergulho em cavernas, a beleza e a brutalidade da natureza. Ele nos lembra que, às vezes, a maior dose de esperança pode ser encontrada naqueles que, diante do impossível, simplesmente se recusam a desistir. E para mim, essa é uma lição que vale a pena ser revisitada, sempre.

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