Tudo Sobre Sexo

Ah, a vida adulta! Quem de nós, navegando por esse mar revolto de boletos, expectativas e a busca incessante por um sentido, não sentiu aquele frio na barriga, uma mistura agridoce de excitação e pavor? É exatamente essa montanha-russa emocional que me puxou para as telonas (ou para a tela da minha sala, em uma noite qualquer de terça-feira) quando Tudo Sobre Sexo me chamou a atenção. E olhe, não é apenas pelo título provocador, mas pela promessa de um mergulho sem filtro nas complexidades de ser jovem, mulher e tentar se encontrar num mundo que, francamente, não dá trégua.

Eu, particularmente, sempre tive um fraco por histórias que desmistificam o glamour de certas idades, mostrando a sujeira debaixo do tapete, as noites em claro, as escolhas duvidosas e a amizade como o único porto seguro. E este filme de Dakota Gorman, que chegou ao Brasil em 2022 e que, aqui em 2025, ainda ecoa na minha memória, faz isso com uma honestidade que desarma. Não é uma comédia romântica açucarada, nem um drama pesado demais para se digerir; é a vida, crua e desajeitada, com pitadas de humor que nascem da própria tragédia cotidiana.

O coração pulsante de Tudo Sobre Sexo são as três amigas: Casey, interpretada com uma vulnerabilidade palpável por Natalee Linez; Morgan, a figura expansiva e cheia de camadas de Emma Deckers; e Sage, a mente por trás da história e também a diretora, Dakota Gorman, que entrega uma performance tão complexa quanto sua personagem. Essas não são amigas de filme onde tudo se resolve com um abraço e um conselho perfeito. Elas são carne e osso, com laços forjados desde a infância, desvendando Los Angeles – uma cidade que parece prometer tanto e entregar desafios ainda maiores.

Casey, uma garçonete que mal se sustenta, nos mostra o lado exaustivo da busca por um lugar ao sol. Seu sorriso cansado e seus olhos que guardam uma melancolia discreta são um convite para sentir na pele a frustração de ter talentos e ambições que parecem não caber na realidade apertada. Morgan, por outro lado, é um furacão. Vê-la lutar com o abuso de álcool, com o copo que se esvazia rápido demais e os risos altos que tentam abafar o vazio, é um lembrete vívido de como a saúde mental pode ser um campo minado, especialmente quando se lida com a depressão maníaca. É uma representação que evita o clichê, mostrando a imprevisibilidade e o sofrimento genuíno. E Sage? Ah, Sage é a escritora, a alma mais reservada do trio, que se vê em um novo e complicado papel, talvez como uma trabalhadora sexual, questionando seus valores e seu lugar num mundo que, muitas vezes, nos força a abraçar as sombras para encontrar a luz. Ver sua jornada em uma casa editora e suas complexas escolhas é, para mim, um espelho da busca por autonomia e voz em uma sociedade que ainda tenta nos silenciar.

Atributo Detalhe
Diretora Dakota Gorman
Roteirista Dakota Gorman
Produtores Nicole Rio, Kelly Bumford, Travis Berens
Elenco Principal Natalee Linez, Emma Deckers, Dakota Gorman, Dillon Lane, Matt Angel, Chris Costanzo, James Hyde, Parvesh Cheena, Sterling Sulieman, Cate Cohen
Gênero Comédia, Drama, Romance
Ano de Lançamento 2020
Produtoras Salt & Light Films, Warrior Woman Productions, RiverRun Entertainment

O que me prendeu, de verdade, foi a forma como Dakota Gorman, tanto no roteiro quanto na direção, costura esses fios tão díspares. Ela não tem medo de mergulhar nas águas turvas das escolhas difíceis, dos relacionamentos que dão errado (ou que são apenas “menos certos”), e da amizade feminina que, apesar das farpas e desentendimentos, permanece como uma âncora. Há momentos em que o humor brota da situação mais absurda, como um alívio cômico necessário antes que o peso da realidade nos esmague. E há instantes de silêncio, de olhares trocados, que dizem muito mais do que qualquer diálogo. Pense, por exemplo, naqueles momentos em que uma amiga sabe exatamente o que a outra está pensando, sem que uma palavra seja dita, apenas pelo aperto na mão ou pela forma como o corpo se curva sob o peso invisível de uma preocupação. Isso, para mim, é cinema.

O elenco, incluindo Dillon Lane como Kyle e Matt Angel como Lowick, e a participação de nomes como James Hyde e Sterling Sulieman, complementa essa tapeçaria de emoções, mas são as três protagonistas femininas que realmente conduzem a narrativa, mostrando uma química que transcende a tela. É a forma como elas brigam e se reconciliam, como se apoiam nas pequenas vitórias e nas grandes derrotas, que faz a gente se ver ali, revendo as próprias amizades e as cicatrizes que a vida adulta teimou em deixar.

Tudo Sobre Sexo é um título que, à primeira vista, pode evocar ideias de um romance fútil ou uma comédia escrachada. Mas, na verdade, o sexo aqui é uma das muitas facetas do “tudo” que a vida nos oferece: a intimidade, a vulnerabilidade, as expectativas, as desilusões, o autoconhecimento. É sobre como nos relacionamos com nosso corpo, com nossos desejos, e como tudo isso se entrelaça com nossa busca por propósito e pertencimento. É, no final das contas, um filme sobre crescer, cair e se levantar de novo, com algumas cicatrizes e muitas histórias pra contar. E é por essa coragem e por essa humanidade que ele merece ser visto, revisto, e discutido. Porque, afinal, quem não está, de alguma forma, tentando descobrir tudo sobre essa coisa maluca que chamamos de vida?

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