Tuhog: Um Romance Filipino Que Queima a Tela, Mas Não Sempre Aquece o Coração
Confesso, cheguei a Tuhog com expectativas controversas. O rótulo “sexy” da Vivamax, aliado à sinopse enigmática, pintou um cenário que podia ser tanto uma obra-prima de sensualidade contida, como um filme genérico e superficial. Dois anos depois de seu lançamento em 2023, revisitar a produção dirigida por G.B. Sampedro me fez perceber que a verdade reside num ponto intermediário, fascinante e frustrante em partes iguais.
A história acompanha o relacionamento explosivo entre Michael (Arron Villaflor) e Abie (Apple Dy), um casal cujos encontros ardentemente apaixonados são interrompidos pela sombra de um passado obscuro e por forças externas ameaçadoras. O elenco secundário, com destaque para Joko Diaz como o enigmático Roldan, Kier Legaspi como o Comandante Fidel e Billy Villeta como Lando, adiciona camadas de complexidade ao drama. A trama, apesar de se apoiar em tropos familiares de romance e suspense, explora os dilemas da paixão intensa em um contexto social específico, conferindo-lhe uma identidade única.
A direção de G.B. Sampedro é, sem dúvidas, um dos pontos fortes de Tuhog. Há uma sensibilidade visual evidente na maneira como ele captura a intimidade e a tensão entre os personagens principais. As cenas de nudez e paixão são filmadas com uma estética que transcende a mera exploração gratuita, servindo à narrativa e enriquecendo a atmosfera emocional. No entanto, a narrativa em si, escrita por Marvic Kevin Reyes e o próprio Sampedro, peca por alguns desvios narrativos que comprometem o ritmo e a profundidade emocional em certos momentos. A transição entre o romance ardente e o suspense policial poderia ter sido mais suave e orgânica. A sensação é que, em alguns momentos, a trama corre demais, enquanto em outros, se arrasta desnecessariamente.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | G.B. Sampedro |
Roteiristas | Marvic Kevin Reyes, G.B. Sampedro |
Produção | Não disponível |
Elenco Principal | Arron Villaflor, Apple Dy, Joko Diaz, Kier Legaspi, Billy Villeta |
Gênero | Drama, Romance |
Ano de Lançamento | 2023 |
Produtora | Vivamax |
As atuações são, em sua maioria, convincentes. Arron Villaflor e Apple Dy demonstram uma química palpável na tela, transmitindo com sucesso a intensidade e a fragilidade do relacionamento de seus personagens. Joko Diaz, como sempre, entrega uma performance sólida, acrescentando mistério e ameaça à trama. A performance é, de certa forma, o coração pulsante do filme: apesar das falhas no roteiro, o poder das atuações nos mantém conectados.
O filme, apesar de sua sensualidade explícita, explora temas complexos como a paixão avassaladora, a traição, a redenção e o peso do passado. A mensagem, porém, fica um tanto diluída por causa do ritmo irregular. A tentativa de equilibrar romance, suspense e ação acaba por deixar alguns elementos pendentes e pouco explorados. É aqui que reside a grande frustração: o potencial de Tuhog era enorme, e a execução, apesar de ter seus momentos brilhantes, não atinge todo o seu potencial.
A recepção de Tuhog, dois anos após seu lançamento, parece ter sido polarizada. Em meu caso, a experiência de assistir Tuhog foi peculiar. Ele me cativou com sua estética e as atuações poderosas, mas me frustrou com suas inconsistências narrativas. A intensidade dos momentos românticos e tensos se contrapõe à falta de profundidade em certos aspectos da trama, deixando um sabor agridoce.
Concluindo, recomendo Tuhog para aqueles que apreciam dramas românticos ousados e com uma estética visualmente impactante. Mas é crucial ter em mente suas limitações. Não espere um roteiro impecável ou uma obra-prima de complexidade narrativa. Se você busca um filme que equilibre sensualidade com intriga e tenha atuações poderosas, Tuhog pode te agradar. Entretanto, se você prefere narrativas mais coesas e sem lacunas, talvez seja melhor procurar outra opção. Ele queima a tela, mas nem sempre aquece o coração.