Ah, o Natal! Você sabe, aquela época mágica do ano em que, mesmo em pleno outubro de 2025, a gente já sente um comichãozinho por um bom filme quentinho, desses que cheiram a canela e nos fazem acreditar um pouquinho mais em finais felizes. E é exatamente por essa vontade que Um Amor com Sabor de Natal me pegou, logo depois de sua estreia brasileira em 2022. Não é só um filme natalino; é uma fatia de nostalgia, uma xícara de chocolate quente em forma de celuloide.
Sabe por que eu me inclino tanto para esse tipo de história? Porque, no fundo, elas nos oferecem um refúgio. Em meio à correria, às preocupações diárias, poder sentar e mergulhar numa narrativa que, sim, pode ter seus clichês, mas os entrega com um carinho que nos desarma, é um presente e tanto. Um Amor com Sabor de Natal, dirigido com uma leveza notável por Pat Kiely, é exatamente isso. Ele não tenta reinventar a roda, e nem precisa. O que ele faz é temperar a roda com gengibre e açúcar, e nos convida a dar uma volta aconchegante.
O coração dessa história, e o que realmente me cativou, é a jornada de Hazel Stanley, interpretada com uma doçura e uma pitada de teimosia muito real por Tiya Sircar. Ah, Hazel! Ela é uma arquiteta aspirante, com a cabeça cheia de projetos e, de repente, é puxada de volta para as raízes de sua falecida mãe: uma padaria. E não é qualquer padaria, é a padaria, o tipo de lugar que você imagina ter o aroma de massa fermentada e memórias felizes incrustado nas paredes. Mas as coisas não vão bem. Ameaças de fechamento, dificuldades… quem nunca sentiu o peso de um legado que parece grande demais para carregar? É uma dor que a gente entende, essa de querer honrar o passado enquanto tenta construir o futuro.
E é aí que entra o concurso de biscoitos de gengibre. Eu sei, eu sei, a competição culinária é um tropo comum, mas aqui, roteiristas Carley Smale e Blaine Chiappetta a transformam em mais do que uma corrida por um prêmio. Para Hazel, é a chance de resgatar não só a padaria, mas também um pedaço dela mesma que talvez estivesse adormecido sob pilhas de plantas arquitetônicas. Você consegue sentir o cheirinho do gengibre, da noz-moscada e do cravo que paira sobre a tela? Eu, pelo menos, consigo imaginar o calor do forno e a doçura do glacê, quase posso provar. É a técnica de mostrar, não contar, que nos transporta para aquela cozinha. As mãos de Hazel tremendo um pouco enquanto ela amassa a massa, a testa franzida em concentração, mas também o brilho nos olhos quando uma ideia criativa surge para o próximo biscoito – isso é o que nos conecta.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Pat Kiely |
| Roteiristas | Carley Smale, Blaine Chiappetta |
| Produtor | Robert Vroom |
| Elenco Principal | Tiya Sircar, Marc Bendavid, Sugith Varughese, Karen Glave, Kyana Teresa |
| Gênero | Cinema TV, Família, Drama |
| Ano de Lançamento | 2022 |
| Produtoras | MarVista Entertainment, Vroom Productions, Neshama Entertainment |
Nesse turbilhão de farinha e esperança, surge James Meadows, vivido por Marc Bendavid. Ele é o contraponto charmoso, o toque de romance que, em filmes assim, é quase tão essencial quanto o próprio Natal. A química entre Sircar e Bendavid é leve, despretensiosa, mas palpável. Não é um romance avassalador, mas um que se constrói na delicadeza dos olhares, na troca de um sorriso cansado depois de um dia longo, na partilha de um sonho. É a chama que acende sutilmente, como as luzinhas pisca-pisca na árvore, e nos lembra que o amor pode, sim, florescer nos lugares mais inesperados, e com o sabor mais doce.
O elenco de apoio também é fundamental para essa sensação de “casa”. Sugith Varughese, como Ted, e Karen Glave, como Nina Marsden, adicionam camadas de sabedoria e apoio à jornada de Hazel, como bons anjos que aparecem para guiar, mas sem roubar o protagonismo. É uma daquelas dinâmicas que nos faz pensar na nossa própria “família” de apoio, seja ela de sangue ou de coração. Kyana Teresa, como Shelby, complementa esse universo com uma energia jovem e um senso de camaradagem.
Para mim, um dos grandes trunfos de Um Amor com Sabor de Natal é a forma como a produção de Robert Vroom, em parceria com a MarVista Entertainment, Vroom Productions e Neshama Entertainment, conseguiu encapsular a essência do Natal – não apenas a dos presentes e decorações, mas a da união, da superação e da redescoberta. Não é um drama pesado, não há reviravoltas chocantes que te deixem sem fôlego. Pelo contrário, a beleza está na previsibilidade reconfortante, na certeza de que, apesar dos obstáculos, a magia do Natal e a força da resiliência humana prevalecerão. E, sinceramente, em alguns momentos da vida, a gente só precisa disso, né? Um abraço quente, um filme que te diga que tá tudo bem.
Então, sim, já estamos em meados de outubro de 2025, e o Natal ainda está a alguns meses de distância. Mas por que esperar? Filmes como Um Amor com Sabor de Natal são como aqueles biscoitos de gengibre que você guarda numa lata e come um a um, aos poucos, saboreando cada pedacinho. Ele é um lembrete gentil de que, mesmo quando a vida te joga uma massa difícil de amassar, há sempre uma receita de esperança e carinho esperando para ser descoberta, talvez com um toque de magia natalina. E eu, particularmente, adoro quando um filme consegue me fazer sentir esse tipo de calorzinho no peito. Você não concorda?




