Um Dia para Morrer: Ação Pragmática e Sentimentalismo Demais?
Três anos se passaram desde que Um Dia para Morrer estreou em 2022, e confesso, a lembrança dele me assombra de forma curiosa. Não se trata de um filme memorável no sentido grandioso da palavra – não espere um novo clássico instantâneo. Mas é um longa que mexe com algo em mim, algo que eu ainda não consigo decifrar completamente. Talvez seja a estranha mistura de ação eficiente com um sentimentalismo um tanto melodramático, talvez seja a performance quase sempre contida de Kevin Dillon, contrastando com a presença, digamos, “mais expressiva” de Bruce Willis.
A sinopse é simples, porém eficaz: Connor Connolly (Dillon), um ex-oficial militar, tem 24 horas para conseguir US$ 2 milhões para resgatar sua esposa sequestrada. Para isso, ele precisa reunir sua antiga equipe, incluindo o durão Brice Mason (Frank Grillo), e realizar uma série de assaltos. Ao mesmo tempo, ele precisa lidar com um chefe de polícia corrupto e seus próprios demônios. A premissa é clássica, o tipo de situação que já vimos inúmeras vezes, mas a execução, apesar de seus defeitos, tem um charme peculiar.
Wes Miller, que assina a direção e o roteiro (com Rab Berry e Scott Mallace), tenta equilibrar a ação frenética com momentos de desenvolvimento de personagem, o que, francamente, nem sempre funciona. A coreografia das cenas de ação é competente, sem ser excepcional. Não há sequências inovadoras ou particularmente memoráveis, mas elas são filmadas de forma limpa e eficiente, transmitindo a tensão necessária. O problema reside na forma como o roteiro tenta nos conectar emocionalmente com Connor e sua equipe. O filme se esforça demais para nos fazer sentir empatia por personagens que, apesar de suas motivações compreensíveis, são, na maior parte das vezes, pouco desenvolvidos. A relação entre Connor e sua esposa, por exemplo, se resume a breves momentos de ternura e um senso de dever que fica um tanto vazio.
As atuações são um ponto de discussão interessante. Kevin Dillon entrega uma performance razoavelmente sólida, transmitindo a tensão e a angústia de Connor com uma reserva que, em alguns momentos, beira o inexpressivo. Frank Grillo, como sempre, entrega um trabalho confiável no papel de um durão experiente e sarcástico. A participação de Bruce Willis, infelizmente, é mais um capítulo na sua fase final de carreira, onde sua atuação se resume a poucas falas e pouca expressão. A escolha do ator, considerando o ano do lançamento do filme (2022), já era, na época, uma escolha arriscada e que, infelizmente, comprova uma queda na qualidade geral do produto. Os outros membros do elenco desempenham seus papéis de forma eficiente, mas sem grandes destaques.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Wes Miller |
Roteiristas | Rab Berry, Scott Mallace, Wes Miller |
Produtores | Wes Miller, Leo Ohaebosim, Andrew van den Houten, DJ Dodd, Curtis Nichouls |
Elenco Principal | Kevin Dillon, Bruce Willis, Leon, Frank Grillo, Gianni Capaldi |
Gênero | Ação, Thriller, Crime, Drama |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | Unknown South Productions, Hood River Entertainment, Blue Box International |
Um dos pontos fortes do filme é sua honestidade em relação à sua própria simplicidade. Ele não se esforça para ser mais do que é: um thriller de ação pragmático. Porém, é exatamente esse pragmatismo que se torna, de forma irônica, um de seus pontos fracos. A falta de profundidade em seus personagens e a ausência de uma mensagem verdadeiramente impactante o tornam, no final das contas, um filme descartável. A falta de originalidade na trama é perceptível, e se torna um pouco frustrante saber que, apesar da execução competente, o filme não se destaca em nenhum aspecto.
Conclusão: Assista com cautela
Um Dia para Morrer não é um filme ruim, mas tampouco é um filme bom. É um produto mediano, que funciona como um passatempo razoável para uma tarde de domingo à toa, mas que dificilmente ficará gravado na memória. Se você procura ação eficiente e não se importa com a falta de profundidade na trama e nos personagens, pode dar uma chance. No entanto, se você busca algo mais substancial, eu recomendo procurar outros filmes do gênero. Considerando a recepção morna que o filme teve, acredito que a minha avaliação não seja muito discordante da maioria dos críticos. No fim das contas, a experiência de assistir Um Dia para Morrer é, como o próprio título sugere, efêmera, quase um dia a se esquecer.