Um Homem Contra Wall Street: A Vingança que Não Te Satisfará
Doze anos se passaram desde que Uwe Boll nos presenteou (ou melhor, nos “presenteou”) com Um Homem Contra Wall Street, e confesso: a memória da experiência ainda me assombra. Não pela trama em si, que, admito, tem um certo apelo pulp, mas pela execução desastrosa, digna de um filme B de tão ruim que chega a ser… fascinante. A sinopse, resumidamente, apresenta Jim Baxford, um homem que perde tudo na crise financeira de 2008 e parte para uma vingança explosiva contra os culpados. É a clássica história do cara comum contra o sistema, a luta de Davi contra Golias… só que Golias aqui parece ter sido dirigido por um macaco com um lança-chamas.
A direção de Boll é, para dizer o mínimo, peculiar. A câmera parece ter sido operada por um bêbado em patins, os cortes são abruptos e sem ritmo, e a edição grita desesperadamente por um editor competente. A fotografia? Esqueça qualquer pretensão estética; parece que o filme foi rodado com uma câmera de segurança de um posto de gasolina. E a trilha sonora? Sinceramente, a trilha sonora do meu microondas tem mais personalidade.
O roteiro, também assinado por Boll, é uma salada de clichês mal escritos. Os personagens são caricaturas unidimensionais – Jim é o vingador justiceiro (com atuação de Dominic Purcell que parece estar em piloto automático), Rosie Baxford (Erin Karpluk), a esposa sofredora, e um elenco de coadjuvantes que passam mais tempo parecendo confusos do que agindo. Edward Furlong, apesar do peso do seu passado em filmes como O Exterminador do Futuro 2, parece perdido e sem propósito em meio à bagunça. O veterano John Heard, como Jeremy Stancroft, tenta elevar o nível, mas até ele sucumbe à força da inércia.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Uwe Boll |
| Roteirista | Uwe Boll |
| Produtor | Dan Clarke |
| Elenco Principal | Dominic Purcell, Erin Karpluk, Edward Furlong, John Heard, Keith David |
| Gênero | Drama, Thriller, Ação |
| Ano de Lançamento | 2013 |
| Produtoras | Lynn Peak Productions, Studio West Productions(VCC) |
Os pontos fortes? Bom, vamos ser honestos: quase nenhum. Se você for um entusiasta do cinema trash, talvez encontre algum prazer culpado na estética grotesca e na violência gratuita. A premissa em si tem potencial; a raiva e a desesperança geradas pela crise financeira poderiam ser exploradas de forma interessante. Mas Boll joga tudo fora, optando por uma abordagem tão superficial quanto violenta, sem qualquer nuance ou profundidade.
Já os pontos fracos? Ah, onde começar? Os diálogos são horríveis, a atuação é, no melhor dos casos, mediana, a direção é desastrosa e o roteiro parece ter sido escrito em um guardanapo de papel. A mensagem, se é que existe alguma, é confusa e ineficaz. A tentativa de retratar a raiva e a frustração da população afetada pela crise financeira é tão falha que termina por banalizar um tema profundamente sério.
O contexto de produção de Um Homem Contra Wall Street (2013) deve ser considerado. Lançado em 30/06/2013 no Brasil, o filme veio num momento em que o eco da crise financeira ainda ressoava fortemente. No entanto, em vez de usar esse contexto para criar uma obra de arte significativa, Boll optou por fazer um filme de ação genérico e mal feito. A recepção crítica foi, para dizer o mínimo, hostil – e com razão.
Em conclusão, Um Homem Contra Wall Street é uma experiência cinematográfica peculiar, que mais parece um experimento que deu terrivelmente errado do que um filme de verdade. Recomendo-o apenas a aqueles que buscam um filme ruim o suficiente para ser divertido, um caso exemplar de como não se deve fazer um longa-metragem. Se você quer ver um filme que explore de forma eficaz os temas da crise financeira e da vingança, procure em outro lugar. Mas se você quer rir (de nervoso, provavelmente) de um filme tão ruim que é quase genial em sua mediocridade, pode dar uma chance. Prepare-se, no entanto, para uma experiência cinematográfica tão turbulenta e caótica quanto a própria Wall Street.




