Um Rio Muito Frio

O ar aqui no Brasil, por vezes, me parece tão quente que o simples vislumbre de um título como Um Rio Muito Frio já me fisga a imaginação. É curioso como algumas obras, mesmo sem a oportunidade de vê-las em nossas telas por aqui – sim, ainda estamos esperando, Universo –, conseguem deixar uma marca antes mesmo de serem experimentadas. É por isso que eu sinto essa urgência, essa necessidade quase palpável de destrinchar o que Um Rio Muito Frio promete, mesmo que a nossa espera por ele já se estenda por quase quatro anos desde seu lançamento original em 2022.

A premissa, por si só, é um convite irresistível para quem, como eu, aprecia as complexidades sombrias da alma humana misturadas a um toque de mistério e pavor. Imagine só: Erica Shaw, interpretada pela sempre cativante Bethany Joy Lenz, é arremessada para o mundo opulento e, presumivelmente, gélido de Campbell Bradford, um multimilionário à beira da morte. A tarefa dela? Documentar a vida desse homem. Mas, convenhamos, nada é tão simples no cinema, não é? A vida de um homem assim, rico e com um passado tão misterioso que parece sussurrar segredos para as paredes, é sempre um campo fértil para reviravoltas.

E é aí que a coisa esquenta, paradoxalmente, nesse rio tão frio. Erica, movida por uma curiosidade que beira a obsessão – um traço essencial para qualquer protagonista de thriller que se preze –, começa a puxar os fios dessa teia empoeirada. As descobertas, dizem, são chocantes. E não apenas chocantes no sentido de um escândalo familiar, mas capazes de “desencadear uma força maligna”. Essa frase, meus amigos, é o anzol que me puxa para as profundezas. O que será essa força? Um mal psicológico, a materialização dos pecados de um homem, ou algo muito mais antigo e insidioso, que reside nas sombras da linhagem Bradford?

Paul Shoulberg, que assina tanto a direção quanto o roteiro, tem uma responsabilidade e tanto nas mãos. Quando um único indivíduo é o cérebro por trás da narrativa e também o maestro que a orquestra visualmente, as chances de uma visão coesa e singular aumentam exponencialmente. Penso que essa dupla função pode ter permitido que ele mergulhasse de corpo e alma nos recantos mais obscuros da história, garantindo que cada reviravolta no roteiro se traduzisse em uma imagem igualmente perturbadora. É uma aposta alta, mas que frequentemente rende frutos de uma originalidade pulsante.

AtributoDetalhe
DiretorPaul Shoulberg
RoteiristaPaul Shoulberg
Elenco PrincipalBethany Joy Lenz, Alysia Reiner, Katie Sarife, Andrew J. West, Deanna Dunagan, Aaron Roman Weiner, Kevin Cahoon, Lucas Bentley, Kingston Vernes, Ruth Kaufman
GêneroTerror, Thriller, Drama
Ano de Lançamento2022
Produtoras1804 Productions, Pigasus Pictures

E o elenco? Ah, o elenco. Bethany Joy Lenz, com sua capacidade de transitar entre a vulnerabilidade e a força, parece a escolha perfeita para Erica Shaw. Consigo vê-la, os olhos arregalados de surpresa e medo, mas com uma faísca teimosa de determinação queimando no fundo, enquanto desvenda o quebra-cabeça de Campbell Bradford. E ao seu redor, um grupo de talentos que promete adensar a trama. Alysia Reiner como Alyssa Bradford-Cohen, imagino-a como a guardiã dos segredos da família, talvez com uma frieza que rivaliza com o próprio rio do título. Andrew J. West como Josiah Bradford, o herdeiro que talvez carregue o peso das escolhas do pai. E Deanna Dunagan, uma atriz com uma presença magnética, capaz de transmitir uma sabedoria ancestral ou uma malevolência velada como Anne McKinney. Cada um desses nomes não é apenas uma adição à lista, mas uma promessa de camadas e complexidades que um bom drama exige.

Sabe, quando um filme surge com a etiqueta “baseado em livro”, meus ouvidos se aguçam ainda mais. Há algo na profundidade que um romance pode oferecer – o tempo para desenvolver personagens, para explorar nuances psicológicas, para construir um universo de detalhes – que muitas vezes se traduz bem para a tela grande. Embora eu não saiba qual a obra original, a menção já sugere uma base sólida para a narrativa, um esqueleto robusto onde o terror, o thriller e o drama podem se entrelaçar sem desabar. Isso me faz pensar se a “força maligna” já tinha suas raízes na literatura, ganhando agora uma nova dimensão visual sob a lente de Shoulberg.

A sinopse, ao mesmo tempo que revela, esconde o suficiente para nos manter na ponta dos pés. É um convite para refletir sobre a natureza do mal: ele é herdado, construído, despertado? Ou sempre esteve lá, adormecido, esperando o momento certo para emergir? Um Rio Muito Frio parece nos forçar a confrontar a ideia de que o passado, por mais enterrado que esteja, tem uma maneira terrível de se projetar no presente, como sombras dançando nas paredes de uma casa antiga.

É uma pena que o público brasileiro ainda não tenha tido a chance de mergulhar nessas águas geladas. Às vezes me pergunto, você também não se pega pensando, como certas joias cinematográficas levam tanto tempo (ou nunca chegam) para cruzar o oceano? Em um mundo onde a sede por narrativas envolventes é tão grande, Um Rio Muito Frio parece um oásis misterioso que ainda não pudemos beber. Que as correntes, sejam elas do rio ou do mercado cinematográfico, o tragam logo para as nossas margens. Estou mais do que pronto para enfrentar esse frio.

Trailer

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