Ella Encantada: Um Conto de Fadas com Uma Pitada de Azedume
Faz 21 anos que assisti a “Ella Encantada” pela primeira vez, em 09 de abril de 2004, e, mesmo com o tempo, a memória desse filme continua tão vívida quanto o próprio brilho mágico de sua protagonista. Não é uma obra-prima indiscutível, mas é um filme que, mesmo com suas falhas, me conquista pela sua originalidade e pela sua capacidade de tocar em temas relevantes, mesmo dentro de uma estrutura leve de comédia fantástica familiar.
O longa acompanha a jornada de Ella, uma jovem amaldiçoada com o dom da obediência – uma maldição que a coloca sob a mercê de qualquer ordem recebida. Após a morte de seu pai, sua vida se transforma em um pesadelo com a chegada de sua madrasta má e suas filhas invejosas que exploram impiedosamente seu dom. Para se libertar, Ella parte em uma aventura, cruzando florestas e encontrando personagens inusitados, numa jornada para encontrar sua madrinha e quebrar o feitiço. Em seu caminho, um elfo sarcástico e um príncipe encantador se juntam a ela, adicionando tempero e romance à trama.
A direção de Tommy O”Haver apresenta um universo fantástico visualmente agradável, sem ser excessivamente rebuscado. A escolha de cenários e figurinos contribui para a atmosfera leve e encantadora do filme, sem cair em excessos de orçamento que poderiam roubar a naturalidade da narrativa. O roteiro, assinado por Laurie Craig, Karen McCullah, Kirsten Smith, Jennifer Heath e Michele J. Wolff, é onde o filme brilha e falha simultaneamente. A premissa da maldição da obediência é criativa e oferece inúmeras possibilidades cômicas, exploradas com maestria em alguns momentos. Por outro lado, a transição entre os atos poderia ser mais fluida, e alguns elementos da narrativa se sentem um pouco apressados.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Tommy O'Haver |
Roteiristas | Laurie Craig, Karen McCullah, Kirsten Smith, Jennifer Heath, Michele J. Wolff |
Produtores | David Parfitt, Jane Startz |
Elenco Principal | Anne Hathaway, Hugh Dancy, Cary Elwes, Aidan McArdle, Joanna Lumley |
Gênero | Família, Fantasia, Comédia |
Ano de Lançamento | 2004 |
Produtoras | World 2000 Entertainment, Enchanted Productions |
As atuações são, em geral, sólidas. Anne Hathaway, no auge de seu carisma juvenil, entrega uma performance adorável e convincente como Ella. Hugh Dancy, como o Príncipe Char, traz um charme sutil e uma química deliciosa com Hathaway, enquanto o elenco de apoio, com nomes como Joanna Lumley como a vilã Olga e Aidan McArdle como o elfo Slannen, oferece suporte com atuações memoráveis.
Pontos Fortes e Fracos
A força de “Ella Encantada” reside em sua capacidade de criar uma história de fadas moderna e irreverente. O humor é inteligente, sem apelar para piadas grosseiras ou infantis, e a trama consegue abordar temas como opressão, empoderamento feminino e a importância da autodeterminação, tudo isso embrulhado em um filme divertido e acessível para toda a família. No entanto, alguns elementos do enredo parecem mal desenvolvidos, e a resolução de alguns conflitos se sente um pouco abrupta. A magia, embora presente, não é tão explorada quanto poderia.
Temas e Mensagens
Além da óbvia temática da superação de obstáculos e da busca pela felicidade, “Ella Encantada” deixa uma mensagem sutil, porém significativa, sobre a importância de se assumir e lutar pela própria independência. A protagonista não apenas busca quebrar uma maldição literal, mas também se libertar das expectativas e opressões impostas por aqueles ao seu redor.
Conclusão
“Ella Encantada” não é um filme perfeito, mas é uma obra encantadora que transcende a simplicidade de um conto de fadas infantil. É uma aventura que entrelaça comédia, romance e fantasia com delicadeza, mesmo que apresente pequenas falhas na estrutura narrativa. Se você busca um filme familiar leve e divertido, com um toque de magia e uma pitada de reflexões mais profundas, “Ella Encantada” ainda é uma ótima opção para assistir, seja em plataformas de streaming ou em qualquer outra forma que você encontrar. Recomendo-o, principalmente, para aqueles que apreciam filmes com uma pegada mais leve e que não se incomodam com algumas pequenas falhas em favor de uma história divertida e original. Afinal, quem não gosta de uma boa história de fadas com um final feliz, ainda que com alguns tropeços pelo caminho?