Uma Livraria em Paris: Um Conto de Amor, Livros e a Cidade Luz
Quatro anos se passaram desde o lançamento de Uma Livraria em Paris, e confesso, ainda sinto o perfume nostálgico daquela Paris cinematográfica ecoando em minha mente. Dirigido e estrelado por Sergio Castellitto, o filme, lançado em 2021, não foi um fenômeno de bilheteria, mas para mim, representa uma obra que merece ser resgatada do esquecimento, principalmente para aqueles que buscam algo além do frenesi hollywoodiano.
A trama acompanha Vincenzo, um livreiro parisiense que divide seu tempo entre a amada livraria, um verdadeiro santuário de conhecimento e aromas de papel envelhecido, e sua filha, Albertine. Sua rotina tranquila e previsível é abalada pela chegada de Yolande, uma mulher que o confronta com suas escolhas e o força a confrontar a própria existência. É um enredo aparentemente simples, mas que ganha profundidade pela abordagem sutil e contemplativa que Castellitto imprime à narrativa.
A direção de Castellitto é, em si, uma personagem. Ele tece uma Paris quase palpável, explorando com sensibilidade a atmosfera poética da cidade, contrastando a quietude da livraria com a vibração frenética das ruas. Não é uma Paris de cartão-postal, mas sim um retrato íntimo, quase confidencial, de seus recantos e personagens. A fotografia é impecável, capturando a luz de Paris com uma delicadeza que intensifica o clima melancólico e introspectivo do filme. O roteiro, assinado por Margaret Mazzantini, é igualmente delicado, sem apelar para dramas exagerados, preferindo a força da sugestão e da observação.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Sergio Castellitto |
| Roteirista | Margaret Mazzantini |
| Produtores | Marco Poccioni, Marco Valsania |
| Elenco Principal | Sergio Castellitto, Bérénice Bejo, Matilda De Angelis, Clementino, Sandra Milo |
| Gênero | Drama, Romance |
| Ano de Lançamento | 2021 |
| Produtoras | Mon Voisin Productions, Tikkun Productions, Rodeo Drive, RAI Cinema |
As atuações são o outro ponto alto. Castellitto, como Vincenzo, é um retrato de fragilidade e resiliência, um homem preso em uma rotina confortável, mas que não deixa de desejar algo mais. Bérénice Bejo, como Yolande, imprime a elegância e o mistério que tornam seu personagem tão fascinante e intrigante. Matilda De Angelis, no papel de Albertine, completa o trio com uma interpretação sutil e convincente. É uma sintonia rara entre os atores, um trabalho em conjunto quase coreografado.
No entanto, Uma Livraria em Paris não é isento de falhas. O ritmo, em alguns momentos, pode parecer lento para os habituados a narrativas mais aceleradas. Algumas subtramas, embora bem-intencionadas, poderiam ter sido desenvolvidas com mais profundidade. Mas, para mim, essas “falhas” são justamente o que o torna único, um contraponto ao cinema apressado e frenético que domina as plataformas digitais.
A mensagem central do filme é uma celebração da vida em seus múltiplos aspectos: o amor paternal, o amor romântico, a importância da leitura, a busca pela realização pessoal. É um filme sobre a aceitação de si mesmo, sobre o acolhimento à mudança e sobre a beleza da imperfeição. Um filme, enfim, sobre a importância de encontrar significado nos momentos cotidianos, mesmo nos mais silenciosos.
Embora a recepção da crítica em 2021 tenha sido mista, algumas opiniões ressaltando sua lentidão, discordo veementemente dessas avaliações. A lentidão do filme é parte integrante de sua beleza, uma característica que permite a imersão profunda em sua atmosfera melancólica e reflexiva.
Em resumo, Uma Livraria em Paris não é um filme para todos. Mas para aqueles que apreciam o cinema contemplativo, repleto de nuances e com um toque de poesia, esta é uma joia a ser redescoberta. Se você busca um filme que te convide à reflexão, que te toque em sua essência sem apelar para efeitos especiais ou cenas de ação, procure este filme em plataformas de streaming e permita-se ser envolvido pela atmosfera mágica de uma livraria parisiense. Eu, sinceramente, ainda o recomendo sem reservas. É uma experiência cinematográfica que permanece comigo.




