Uma Obsessão Desconhecida

Ah, o silêncio da floresta. Aquela promessa de paz, de se desconectar do mundo e reconectar com quem a gente ama. Quem de nós nunca sonhou em largar tudo por uns dias e se aventurar no coração da natureza selvagem? Eu, pelo menos, já. Mas, veja bem, o cinema tem uma forma peculiar de nos lembrar que nem tudo que brilha é ouro, e nem todo silêncio é de fato pacífico. É por isso que, mesmo passados três anos desde seu lançamento original em 2022, o filme Uma Obsessão Desconhecida continua a ecoar na minha cabeça, me fazendo questionar sobre o que realmente se esconde sob a folhagem mais densa e, quem sabe, sob a superfície de um relacionamento.

Não é só mais um thriller de acampamento. Longe disso. Desde a primeira vez que me deparei com a sinopse – um jovem casal, uma viagem remota de mochila pelo Noroeste do Pacífico, eventos sinistros e a percepção de que nada é o que parece – eu já sabia que não seria uma jornada tranquila. Mas o que Robert Olsen e Dan Berk, que dividem a direção e o roteiro, entregaram, vai muito além de meros sustos em florestas escuras. Eles orquestraram uma experiência que se infiltra na sua pele, um misto de ficção científica, terror, mistério e drama que, por vezes, me fez prender a respiração, esquecendo que estava em frente à tela e não lá, no meio daquela imponente e traiçoeira wilderness.

A história começa com Ruth (interpretada com uma sensibilidade crua por Maika Monroe) e Harry (Jake Lacy, que consegue transitar entre o adorável e o… algo mais), um couple que embarca numa hiking trip pelas paisagens deslumbrantes, mas isoladas, do Noroeste do Pacífico. A ideia é celebrar o amor, talvez até com um marriage proposal em mente, numa paisagem de cliffs vertiginosos e forests milenares. A beleza é inegável, e a fotografia capta cada detalhe, desde o verde vibrante da vegetação até o cinza ameaçador do céu. É o tipo de lugar que te convida a esquecer os problemas, mas que, ao mesmo tempo, sussurra segredos antigos e desconfortáveis.

E aqui entra a Maika Monroe. A gente já a conhece por sua maestria em papéis que exigem vulnerabilidade e resiliência, e em Uma Obsessão Desconhecida, ela não decepciona. Ruth é uma personagem que carrega consigo uma anxiety disorder, e Monroe não apenas a interpreta, ela a sente. A forma como suas mãos nervosas se contraem, o olhar evasivo quando a tensão aumenta, a maneira como sua voz falha no meio de uma frase – tudo isso me fez sentir a anxiety attack como se fosse minha. É um retrato humano e palpável de alguém que, além de lutar contra o que está no exterior, precisa lidar com a batalha interna. E é exatamente essa humanidade que nos prende. Você se vê ali, tentando entender o que está acontecendo com ela, torcendo para que ela encontre um ponto de apoio, ou talvez, a verdade, por mais dura que seja.

AtributoDetalhe
DiretoresRobert Olsen, Dan Berk
RoteiristasDan Berk, Robert Olsen
ProdutorDan Kagan
Elenco PrincipalMaika Monroe, Jake Lacy, Matthew Yang King, Dana Green, Loudon McCleery
GêneroFicção científica, Thriller, Terror, Mistério, Drama
Ano de Lançamento2022
ProdutorasParamount Players, Quay Street Productions

Jake Lacy, por sua vez, complementa essa dinâmica de forma brilhante. Inicialmente, ele é o parceiro ideal, o porto seguro. Mas o que a trama de Olsen e Berk faz tão bem é desconstruir essas certezas. A beleza do roteiro está em como ele lentamente nos faz questionar cada gesto, cada palavra, cada olhar. É como um daqueles jogos de montar que você acha que sabe a figura final, mas de repente as peças começam a se encaixar de um jeito completamente inesperado.

O que se segue, claro, não posso detalhar sem estragar a experiência. Mas posso dizer que a floresta, com suas árvores imponentes e seus sons misteriosos, se transforma em algo muito mais do que um cenário. Ela se torna um organismo vivo, uma testemunha silente, e talvez até um participante ativo nos eventos que se desenrolam. A menção a uma alien life-form e alien possession nas entrelinhas é um convite para você mergulhar de cabeça no mistério, para tentar decifrar o que, afinal, está acontecendo por ali. Um deer no caminho, um som estranho vindo da mata – tudo ganha uma nova camada de significado, uma aura de presságio.

Os diretores Olsen e Berk, com o produtor Dan Kagan e as produtoras Paramount Players e Quay Street Productions, construíram um filme que sabe manipular as expectativas do público. Eles não se contentam em seguir um único trilho. Em vez disso, eles nos levam por um labirinto de gêneros, onde o terror se entrelaça com o drama pessoal, e o suspense psicológico dá lugar a reviravoltas de ficção científica. Essa dança entre os gêneros não só mantém o espectador na ponta da cadeira, como também adiciona uma profundidade inesperada à narrativa, transformando o que poderia ser apenas mais um filme de camping em algo muito mais original e instigante.

O que Uma Obsessão Desconhecida faz de maneira magistral é nos lembrar da fragilidade da percepção. O que vemos, o que aceitamos como verdade, pode ser apenas uma fina camada que esconde algo muito mais complexo e aterrorizante. É um filme sobre a confiança – ou a falta dela – nos outros e em nós mesmos, sobre os limites que estamos dispostos a cruzar e sobre a força (ou a impotilidade) que encontramos diante do desconhecido.

Mesmo depois de assisti-lo, a sensação de que algo me escapa, de que há mais a ser desvendado naqueles recantos sombrios do Noroeste do Pacífico, persiste. E talvez seja essa a maior qualidade do filme: a capacidade de te deixar com perguntas, com uma leve sensação de desconforto, muito tempo depois de os créditos terem subido. Se você busca um thriller que desafie suas expectativas, que brinque com sua mente e que te faça refletir sobre a natureza do medo e da realidade, Uma Obsessão Desconhecida é, sem dúvida, uma obra que vale cada minuto da sua atenção. E quem sabe, após vê-lo, você pense duas vezes antes de planejar sua próxima aventura isolada na wilderness. Eu, pelo menos, já estou pensando.

Trailer

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