Uma Sombra na Nuvem: Um voo turbulento entre o terror e o absurdo
Quatro anos se passaram desde que “Uma Sombra na Nuvet” cruzou os céus das plataformas digitais, e a memória desse filme peculiar, dirigido por Roseanne Liang, continua a me assombrar – não exatamente no bom sentido, devo admitir. A premissa é tentadora: uma piloto habilidosa, Maude Garrett (uma Chloë Grace Moretz em performance competente, apesar do material), enfrenta o machismo reinante numa fortaleza voadora B-17 durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto um inimigo misterioso assombra a tripulação. Aliás, a própria guerra é apenas um dos perigos. Junte a isso, uma dose de terror sobrenatural e você tem o cenário para um filme que, na teoria, deveria voar alto. Na prática… bem, a aterrissagem foi bastante acidentada.
Direção, Roteiro e Atuações: Um Cockatil Explosivo (mas não no bom sentido)
Roseanne Liang demonstra talento visual indiscutível. Algumas sequências aéreas são de tirar o fôlego, a fotografia se esforça para criar uma atmosfera claustrofóbica e tensa dentro da B-17, e há momentos em que o suspense realmente funciona. Mas o roteiro, escrito por Max Landis e Roseanne Liang, é onde o filme se desfaz. A trama é inconsistente, repleta de reviravoltas gratuitas que beiram o absurdo, e os personagens masculinos, com suas personalidades estereotipadas e diálogos toscos, acarretam mais risos do que medo. A tentativa de criar um suspense psicológico se perde em meio a uma avalanche de clichês de filmes de guerra e de terror B.
Já citei a performance de Chloë Grace Moretz, mas preciso ressaltar a atuação discreta, porém eficaz, de Beulah Koale como Anton Williams, o único que realmente parece entender o que se passa. O resto do elenco, apesar do seu esforço, não consegue se destacar em meio ao roteiro fraco.
Atributo | Detalhe |
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Diretora | Roseanne Liang |
Roteiristas | Max Landis, Roseanne Liang |
Produtores | Fred Berger, Tom Hern, Kelly McCormick, Brian Kavanaugh-Jones |
Elenco Principal | Chloë Grace Moretz, Nick Robinson, Beulah Koale, Taylor John Smith, Callan Mulvey |
Gênero | Terror, Ação, Guerra |
Ano de Lançamento | 2020 |
Produtoras | Four Knights Film, Rhea Films, Automatik Entertainment, Endeavor Content |
Pontos Fortes e Fracos: Um Ato de Equilíbrio Precário
Os pontos fortes residem, como já mencionado, na estética visual e na performance principal. O filme tem coragem de se arriscar numa mistura de gêneros, ainda que essa mistura não funcione plenamente. O principal problema é, sem dúvida, o roteiro, que peca por um excesso de ideias mal desenvolvidas e diálogos que, frequentemente, soam artificiais e forçados. A construção do suspense é irregular, alternando momentos de tensão real com cenas absurdas que tiram completamente a imersão. Aliás, a comparação com outros filmes de Max Landis, citados em algumas críticas que li antes da sessão, é bastante apropriada; há uma evidente falta de coesão narrativa.
Temas e Mensagens: Um Relato Incompleto
O filme tenta abordar temas relevantes como machismo na guerra, a fragilidade da sanidade mental sob pressão extrema, e o peso da responsabilidade em situações de vida ou morte. Infelizmente, esses temas ficam relegados a segundo plano, ofuscados pela confusão narrativa e pela ênfase excessiva em sustos baratos e efeitos especiais que, para 2020, pareciam até datados. A mensagem final fica diluída, perdendo força e impacto.
Conclusão: Um filme que decola, mas não chega a lugar algum
Uma Sombra na Nuvem é um filme que desperta curiosidade devido a sua proposta incomum, mas que frustra por não conseguir sustentar suas ambições. Apesar de alguns lampejos de genialidade visual e atuações sólidas, o roteiro fraco e a direção errática prejudicam a experiência como um todo. Recomendo a obra apenas para aqueles que apreciam filmes de terror e guerra com um toque de bizarrice, e que não se importam com um roteiro mal amarrado e uma narrativa confusa. Para o restante do público, há opções melhores em catálogos de streaming, disponíveis em 2025. O filme não é completamente ruim, mas fica longe de ser uma obra-prima. Em retrospectiva, parece mais um experimento que não deu completamente certo, um voo turbulento que termina em uma aterrissagem forçada.