Vaiana 2: Uma Odisseia que Navega em Águas Turbulentas
Setembro de 2025. Já se passou um ano desde que Vaiana 2 chegou aos cinemas brasileiros, em 28 de novembro de 2024, e a emoção daquela viagem épica ainda me acompanha. A expectativa era alta para a sequência do sucesso de 2016, e, como um crítico que se orgulha de sua honestidade implacável, devo dizer que a experiência foi… complexa.
A sinopse oficial, bem lapidada, fala de um chamado ancestral que leva Moana a mares desconhecidos da Oceania, numa aventura repleta de perigos. E essa descrição resume, sem revelar grandes spoilers, a essência da trama. No entanto, a jornada de Moana desta vez não é apenas geográfica; é uma viagem profunda em sua identidade e legado, confrontando heranças culturais e dilemas existenciais que ressoam além das ondas.
A direção, divida entre David G. Derrick Jr., Jason Hand e Dana Ledoux Miller, demonstra uma ambição visual que, em momentos, atinge o sublime. A animação está impecável, com uma fidelidade impressionante aos detalhes e um trabalho de cores que evoca a beleza deslumbrante e selvagem do oceano. Mas aqui reside um dos dilemas do filme: em sua busca por uma escala maior, a direção, às vezes, perde o foco na intimidade que tornou o primeiro filme tão cativante.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | David G. Derrick Jr., Jason Hand, Dana Ledoux Miller |
Roteiristas | Dana Ledoux Miller, Jared Bush |
Produtoras | Christina Chen, Yvett Merino Flores |
Elenco Principal | Auliʻi Cravalho, Dwayne Johnson, Hualālai Chung, Rose Matafeo, David Fane |
Gênero | Animação, Aventura, Família, Comédia |
Ano de Lançamento | 2024 |
Produtoras | Walt Disney Pictures, Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Animation Studios |
O roteiro, assinado por Dana Ledoux Miller e Jared Bush, apresenta uma narrativa que, apesar de ambiciosa, sofre com alguns desvios narrativos. A introdução de novos personagens, como Loto e Kele, enquanto bem-intencionada, dilui um pouco o foco em Moana e Maui, a dupla dinâmica que conquistou nossos corações em 2016. O enredo, ao se debruçar em uma profecia e uma ameaça mística grandiosa, às vezes esquece a força da conexão humana que definiu o original.
As atuações de voz, em sua maioria, mantém o nível impecável do primeiro filme. Auliʻi Cravalho e Dwayne Johnson retornam com suas interpretações apaixonadas e carismáticas, ancorando a narrativa com emoção e humor. Os novos atores, como Rose Matafeo e David Fane, demonstram talento, mas, novamente, os personagens não recebem o desenvolvimento necessário para se tornarem verdadeiramente memoráveis.
A música, um ponto alto do primeiro filme, aqui se apresenta de forma mais contida. Enquanto não decepciona, ela não atinge a mesma força memorável e icônica dos clássicos de “Vaiana”. Os números musicais se encaixam na trama, mas sem a mesma energia contagiante que ficou gravada na memória dos espectadores.
Os pontos fortes são inegáveis: a animação de tirar o fôlego, a performance dos atores principais, e a exploração de temas importantes, como a preservação cultural e a busca pela identidade. Porém, o filme tropeça em sua própria ambição. O roteiro tenta abarcar muito, resultando em um enredo que, em alguns momentos, se sente apressado e superficial. A adição de uma trama com um vilão poderoso, um elemento recorrente em muitas sequências, acaba por subtrair a riqueza do primeiro filme.
Considerando-o no contexto da recepção crítica – que foi bastante dividida, com muitos elogiando a beleza visual, mas criticando o roteiro – Vaiana 2 se destaca como uma experiência visualmente impressionante, mas narrativamente irregular. Sua mensagem otimista e esperançosa permanece, mas a jornada para chegar até ela é, em alguns momentos, um pouco cansativa.
No fim das contas, Vaiana 2 não chega a superar o original, mas ainda assim oferece uma experiência de entretenimento válida. Recomendo o filme para fãs da animação Disney e para aqueles que apreciam visuais deslumbrantes. Porém, aqueles que buscam uma narrativa impecavelmente coesa talvez se sintam levemente desapontados. A magia da animação está presente, mas o roteiro não consegue traduzir completamente sua promessa para uma jornada tão memorável quanto a primeira viagem de Moana. A espera pela sequência foi longa, e a recompensa, embora bonita, foi um pouco menos brilhante do que esperávamos.