Van Helsing: Um Festão Gótico com Sangue e Ação em Dose Dupla
De 2004 para cá, muita coisa mudou na indústria cinematográfica. O streaming domina o mercado, a nostalgia impera, e os efeitos especiais atingiram níveis de realismo antes inimagináveis. Mas alguns filmes resistem ao teste do tempo, não pela sutileza ou profundidade, mas pela pura e simples capacidade de proporcionar um entretenimento despretensioso e, por que não, divertido. “Van Helsing”, dirigido e escrito por Stephen Sommers, se encaixa perfeitamente nessa categoria. É um filme que, em 2025, se revela menos uma obra-prima e mais um artefato fascinante de uma época cinematográfica mais descompromissada.
O filme acompanha o caçador de monstros Gabriel Van Helsing em sua missão na Transilvânia. Lá, ele se junta à última descendente da linhagem Valerious, Anna, para derrotar o temível Conde Drácula, que uniu forças com o Monstro de Frankenstein numa conspiração de proporções épicas. A sinopse, apesar de simples, é o mote para uma avalanche de ação, efeitos especiais que, para os padrões da época, eram impressionantes, e um desfile de monstros clássicos do terror gótico. O público que busca uma narrativa complexa e cheia de nuances pode se decepcionar, mas quem procura diversão sem compromisso encontrará exatamente o que deseja.
Sommers, que já havia demonstrado sua paixão por espetáculos grandiosos em “A Múmia” (1999), entrega aqui um filme excessivo, até mesmo frenético. A direção é marcante, com uma estética que mescla o terror gótico clássico com um toque steampunk, resultando em uma atmosfera visualmente rica e carregada. As cenas de ação são bem coreografadas e, embora alguns efeitos especiais envelheceram um pouco, ainda mantêm um certo charme. No entanto, a narrativa apressada e repleta de elementos visuais muitas vezes se sobrepõe à construção de personagens e trama, o que se torna o calcanhar de Aquiles do longa.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Stephen Sommers |
| Roteirista | Stephen Sommers |
| Produtores | Bob Ducsay, Stephen Sommers |
| Elenco Principal | Hugh Jackman, Kate Beckinsale, Richard Roxburgh, David Wenham, Shuler Hensley |
| Gênero | Terror, Aventura, Ação |
| Ano de Lançamento | 2004 |
| Produtoras | Universal Pictures, The Sommers Company, Stillking Films |
As atuações são um ponto misto. Hugh Jackman, como Van Helsing, está em sua zona de conforto, entregando um desempenho cheio de carisma e energia, que funciona muito bem para o tom do filme. Kate Beckinsale, como Anna Valerious, consegue equilibrar força e vulnerabilidade. Já Richard Roxburgh, como Drácula, apesar de carismático, acaba eclipsado pelo frenesi visual ao redor. O restante do elenco cumpre seu papel, mesmo que alguns personagens careçam de desenvolvimento mais profundo.
“Van Helsing” é, sem dúvida, um filme com seus defeitos. O roteiro é superficial e carece de nuances; o humor, em alguns momentos, beira o forçado; e a narrativa corrida sacrifica o desenvolvimento dos personagens secundários. Por outro lado, o filme acerta em cheio na construção de sua atmosfera visualmente exuberante, na coreografia das lutas, e em sua entrega honesta de um puro entretenimento de ação e terror. É um filme que abraça o nonsense, o que acaba sendo parte de seu charme.
O longa-metragem toca em temas como a luta contra o mal, a importância da fé (a conexão com o Vaticano é bem clara) e a busca pela redenção, mas de maneira superficial. Sua principal mensagem é a de celebração do espetáculo, a alegria frenética da ação descompromissada, uma característica própria da estética hollywoodiana no início dos anos 2000.
Concluindo, “Van Helsing” é um filme que não se leva a sério demais. Assistido com a expectativa correta – a de um festão gótico com sangue e ação em dose dupla – ele funciona como um entretenimento divertido e visualmente estimulante. Se você procura uma obra-prima cinematográfica, este não é o filme para você. Mas se está a fim de uma sessão de ação com monstros clássicos, efeitos especiais da época e um bom Hugh Jackman, então dê uma chance a este caçador de monstros. Recomendado para fãs de filmes de ação e terror com uma pitada de nostalgia e um gosto pela diversão sem grandes pretensões. Em plataformas digitais, é um ótimo programa para uma tarde de sábado à noite.




