Velocidade Total

Velocidade Total: Uma Ode à Velocidade e à Família Improvável (ou Não?)

Confesso, cheguei a Velocidade Total com expectativas moderadas. A sinopse, um assalto que dá errado resultando no sequestro de um parceiro e na improvável parceria entre um ladrão e um órfão, soava um tanto… genérica. Mas, após assisti-lo em 04/09/2025 – data de estreia no Brasil, devo dizer que a experiência me surpreendeu. Não que tenhamos aqui uma obra-prima cinematográfica destinada a entrar para os anais da história do cinema, mas Velocidade Total entrega uma adrenalina honesta e um núcleo emocional inesperado, que prendeu minha atenção do início ao fim.

O filme acompanha James Clayton (que, curiosamente, também assina a direção), no papel de “The Thief”, um ladrão experiente e calculista, envolvido em um roubo que sai completamente dos trilhos. Ele se vê forçado a se aliar a Ravi (Alisha Ahamed), uma órfã esperta e um tanto problemática, para resgatar seu parceiro das garras de Nushi (Fei Ren), uma implacável traficante de drogas, e seu capanga, o charmoso assassino de aluguel interpretado por Lou Diamond Phillips como “The Cowboy”. Lee Majdoub como Sly adiciona um toque de humor negro, que funciona como uma válvula de escape em meio à tensão crescente.

A direção de James Clayton é competente, apesar de não apresentar grandes inovações visuais. A ação é bem coreografada, com perseguições de carro que, apesar de não serem revolucionárias, mantêm a adrenalina alta. Há uma evidente tentativa de criar uma atmosfera de suspense, com closes bem calculados e a utilização eficaz do silêncio nos momentos mais tensos. Porém, o roteiro de Darrell Smith peca em alguns pontos. Alguns diálogos soam um pouco artificiais, e o desenvolvimento de alguns personagens poderia ter sido mais profundo. A trama, embora eficiente em manter o ritmo, carece de uma originalidade mais acentuada. A previsibilidade em certos pontos é perceptível, algo que poderia ter sido contornado com mais camadas narrativas.

Apesar das falhas no roteiro, as atuações salvam a pele do filme. James Clayton demonstra uma presença de tela poderosa, capaz de transmitir tanto a fragilidade quanto a força de seu personagem. Lou Diamond Phillips rouba a cena com sua interpretação cativante e complexa do assassino de aluguel, o que me faz acreditar que poderia facilmente ter mais tempo de tela. Fei Ren, como a vilã, também se destaca, transmitindo a frieza e a crueldade de Nushi de forma convincente. A química entre Clayton e Ahamed também é um dos pontos altos do filme, criando uma dinâmica interessante entre esses dois personagens tão diferentes.

Os pontos fortes de Velocidade Total residem na energia da ação, a performance do elenco e no desenvolvimento, ainda que não impecável, da relação entre o ladrão e a órfã. Ver essa dupla improvável se unindo por um objetivo comum, desenvolvendo uma conexão que transcende a necessidade de resgatar o parceiro, é um dos aspectos mais tocante do filme. A mensagem subjacente, sobre a importância da família e da lealdade, mesmo em meio ao caos e à criminalidade, é tocante.

Por outro lado, o roteiro, como já mencionei, é o maior ponto fraco. A previsibilidade da trama e alguns diálogos forçados impactam a imersão. Algumas reviravoltas, embora presentes, não conseguem surpreender completamente. A produção, apesar de contar com nomes como Play by Play Entertainment, Greendale Productions e Peacemaker Filmworks, poderia ter investido mais em alguns detalhes técnicos para dar ao filme um maior impacto visual.

No final das contas, Velocidade Total é um filme de ação competente, com um núcleo emocional inesperado. Não espere uma obra-prima, mas sim uma experiência de entretenimento razoavelmente eficaz, capaz de te prender na cadeira. Recomendo para quem busca um filme de ação com um toque de sensibilidade, sem se preocupar muito com a originalidade da trama. Se você busca algo que o surpreenda a cada esquina, talvez seja melhor buscar outras opções. Mas se você quer se divertir com uma perseguição de carros e um roteiro que, apesar de previsível, entrega uma conclusão satisfatória, Velocidade Total será uma boa opção. E, sim, Lou Diamond Phillips deveria ser o protagonista de mais filmes. É uma injustiça ele não ser mais requisitado!