Velozes e Furiosos 4

Velozes e Furiosos 4: Uma Ode à Família e à Velocidade, Mesmo com Suas Falhas

Dezesseis anos se passaram desde que assisti a Velozes e Furiosos 4 nos cinemas, em 24 de abril de 2009. Lembro-me da expectativa, da adrenalina das perseguições, daquela sensação de nostalgia que já se fazia presente na franquia, mesmo naquela quarta edição, ainda longe do fenômeno global que se tornaria. Hoje, em 15 de setembro de 2025, posso dizer que o filme, dirigido por Justin Lin, continua a ser um ponto importante na trajetória da saga, embora com suas imperfeições evidentes.

O longa-metragem retoma a história de Dominic Toretto (Vin Diesel), devastado pela aparente morte de Letty (Michelle Rodriguez), seu grande amor. Paralelamente, Brian O’Conner (Paul Walker), agora agente federal, está no rastro de um traficante de drogas. Sem revelar muito, ambos os caminhos convergem numa trama repleta de ação explosiva, traições e a sempre presente família Toretto, agora mais expandida e complexa.

A direção de Justin Lin trouxe um novo fôlego à franquia. Enquanto os filmes anteriores tinham um foco mais contido, Lin abraça a grandiosidade da ação, com sequências de perseguições de tirar o fôlego, especialmente a icônica cena da ponte. A fotografia é vibrante, e a edição, apesar de frenética em alguns momentos, contribui para a energia frenética da narrativa. Contudo, o roteiro de Chris Morgan, apesar de entregar a ação insana que esperávamos, pecava em alguns detalhes, deixando alguns pontos da trama um pouco superficiais e inconsistentes – uma crítica já levantada pela crítica na época, e que ressoa até hoje em revisitações como a minha. Aquele “vai com a onda” que o trecho de crítica citado destaca é, de fato, um apelo recorrente.

As atuações, como sempre, são o grande trunfo do filme. Vin Diesel, na pele de Dom, entrega seu carisma inegável, a força bruta mesclada com a vulnerabilidade de um homem devastado. Paul Walker contracena com maestria, adicionando profundidade ao personagem de Brian, agora em uma posição moral mais ambígua. A química entre os dois, e a crescente dinâmica com a Mia (Jordana Brewster), sempre contribui para tornar o filme mais envolvente. Michelle Rodriguez, embora com tempo de tela reduzido, deixa sua marca na memória, mesmo com o mistério da morte de Letty.

Um dos pontos mais fortes de Velozes e Furiosos 4 é, sem dúvida, a exploração da temática da família, um tema central que a saga abraçaria cada vez mais ao longo dos anos. As relações entre os irmãos, o laço irrompível entre Dom e Letty, a lealdade incondicional de Mia – todos esses elementos constroem um núcleo emocional que sustenta a narrativa repleta de alta octanagem. Entretanto, um ponto fraco é a quase ausência de desenvolvimento de alguns personagens secundários, sacrificados em nome da intensa ação.

Apesar das falhas em alguns aspectos do roteiro, Velozes e Furiosos 4 atingiu seu objetivo principal: entregar entretenimento puro e simples. É um filme que se entrega ao exagero com prazer, sem se preocupar muito com realismo, abraçando a fantasia das corridas de rua e os carros tunados. A recepção da crítica na época foi majoritariamente positiva, com elogios à ação e à química entre os atores principais. E, até hoje, ele se sustenta como um capítulo essencial na saga, uma transição para um universo ainda maior e mais ambicioso.

Em resumo, Velozes e Furiosos 4 não é um filme para quem busca uma narrativa impecável e um roteiro isento de furos. Mas é uma experiência divertida e emocionante, especialmente para os fãs de ação e carros. Se você busca um filme para desligar o cérebro e se entregar à adrenalina das perseguições de carros e à dinâmica familiar que define a saga, então corra para as plataformas digitais e assista. Recomendado para amantes de ação explosiva e para aqueles que apreciam a evolução de uma franquia que continua a surpreender, para o bem ou para o mal, até hoje.