Dressed to Kill: Uma Ode ao Suspense e à Ambiguidade, Quase 45 Anos Depois
Brian De Palma. O nome, para qualquer cinéfilo que se preze, já evoca imagens vibrantes, movimentos de câmera audaciosos e uma atmosfera carregada de suspense psicológico. Em 1980, De Palma nos presenteou com Dressed to Kill, um filme que, mesmo em 2025, continua a mexer com a cabeça e a eletrizar os sentidos. Não é apenas um thriller; é uma experiência.
A trama, sem entregar muito, gira em torno do Dr. Robert Elliott, um terapeuta de Manhattan (brilhantamente interpretado por Michael Caine), cuja vida se torna um pesadelo quando um assassino, usando uma lâmina roubada de seu consultório, começa a atacar as mulheres próximas a ele. A investigação que se segue o leva a um submundo de segredos perturbadores e desejos obscuros, em uma trama repleta de reviravoltas que desafiam as expectativas até o clímax. É um passeio de montanha-russa, um jogo de gato e rato que brinca com a nossa percepção da realidade.
A direção de De Palma é, como sempre, magistral. Seu uso de close-ups, ângulos incomuns e movimentos de câmera vertiginosos criam uma tensão palpável, intensificando cada momento de suspense. A trilha sonora de Pino Donaggio, por sua vez, é arrepiantemente eficaz, pontuando a narrativa com uma elegância macabra. A fotografia de Ralf D. Bode, com suas cores saturadas e sombras profundas, contribui para a construção de uma atmosfera opressiva e luxuriante, que serve de pano de fundo perfeito para os atos perturbadores do assassino. O longa se utiliza de elementos do chamado giallo italiano, um gênero que De Palma domina com maestria, repleto de referências visuais e cenários exuberantes.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretor | Brian De Palma |
| Roteirista | Brian De Palma |
| Produtor | George Litto |
| Elenco Principal | Michael Caine, Nancy Allen, Angie Dickinson, Keith Gordon, Dennis Franz |
| Gênero | Thriller, Mistério, Terror |
| Ano de Lançamento | 1980 |
| Produtoras | Filmways Pictures, Cinema 77 Films |
O roteiro, também escrito por De Palma, é inteligente e labiríntico. A ambiguidade é sua maior arma, construindo um quebra-cabeça psicológico que nos mantém em estado de alerta constante. As personagens, interpretadas por um elenco de primeira linha – Nancy Allen, Angie Dickinson e Keith Gordon, além do inesquecível Michael Caine – são complexas e multifacetadas, e não necessariamente simpáticas. Caine, com seu olhar penetrante e sua interpretação sutil, é o perfeito protagonista, transmitindo tanto a fragilidade quanto a força de seu personagem. A atuação de Allen, apesar de algumas críticas na época, consegue transmitir a determinação de uma mulher em busca de justiça.
Dressed to Kill, no entanto, não é perfeito. Algumas escolhas narrativas podem parecer datadas para um público contemporâneo e certos aspectos da trama podem parecer exagerados. Apesar disso, sua ousadia visual e a coragem de abordar temas complexos como a identidade de gênero, a sexualidade e a natureza da violência, compensam esses pequenos deslizes.
O filme explora temas como a culpa, o desejo, a manipulação e a fragilidade da identidade, explorando-os de forma visualmente hipnótica e inquietante. A própria construção da narrativa, com seus múltiplos pontos de vista e suas reviravoltas chocantes, reflete esses temas. A busca pela verdade se torna tão perturbadora quanto a violência que a motiva.
Em conclusão, Dressed to Kill é uma obra-prima do suspense psicológico, um filme que permanece relevante e perturbador mesmo após quase quatro décadas. Apesar de algumas imperfeições, sua direção impecável, sua narrativa inteligente e seu elenco talentoso o elevam à categoria de clássico do gênero. Se você busca uma experiência cinematográfica envolvente e memorável, procure por ele em plataformas de streaming. Se prepare para ser arrebatado por uma montanha-russa de suspense, violência e mistério, e se permita mergulhar na mente torturada de um mestre do terror psicológico. Recomendadíssimo para amantes do gênero e para aqueles que buscam um filme que os fará pensar e discutir muito depois dos créditos finais.




