Sabe, às vezes a gente só quer uma boa dose de caos familiar temperada com risadas e um cenário que tire o fôlego. Quem nunca olhou para a própria prole – ou para os parentes próximos – e pensou: “se a gente viajasse junto, daria um livro, ou melhor, uma série de TV”? Pois é exatamente essa a aposta de Viajando com a Família Derbez, uma daquelas produções que te pegam pela curiosidade e te mantêm pela pura e simples humanidade – e, claro, pelo espetáculo da desorganização mais charmosa que você pode imaginar.
Lançada em 2019, mas com uma relevância atemporal que transcende a data no calendário, a série nos joga de cabeça na tentativa de Eugenio Derbez, o patriarca com um coração de ouro e um leve toque de controlador, de reunir seus filhos e esposa para uma aventura que promete (ou ameaça) fortalecer os laços familiares. O destino? Marrocos. A missão? Passar um mês juntos, largando tudo, para embarcar numa jornada que é tão maluca quanto emocionante e hilária. E eu, particularmente, adoro quando uma produção me convida a ser uma mosca na parede de uma casa que é famosa, mas que, no fundo, lida com as mesmas questões que a gente.
Não se engane, não estamos falando de um reality show “roteirizado” à exaustão, nem de um documentário chato e didático. Viajando com a Família Derbez navega naquela fronteira intrigante entre o gênero documental e a série de TV com personalidade. É como assistir a um álbum de fotos de família ganhar vida, mas com câmeras acompanhando cada passo, cada briga, cada abraço. O elenco é a própria família Derbez: Eugenio, claro, com seu carisma inegável e sua incessante busca por um momento “perfeito”; Aislinn, a filha mais velha, com sua aura mais zen e seu olhar questionador sobre a dinâmica familiar; Vadhir, o meio-irmão mais descontraído e aventureiro; José Eduardo, o mestre do sarcasmo e das tiradas prontas que desarmam qualquer tensão; Alessandra Rosaldo, a esposa de Eugenio, que tenta manter a paz e a sanidade em meio ao furacão; e a pequena Aitana, a cereja do bolo, observando tudo com a inocência e a energia de uma criança que não entende bem o que é uma câmera.
A beleza da série está em como ela não tem medo de mostrar as rachaduras. Porque, vamos ser sinceros, passar um mês com a família, especialmente depois de anos com vidas separadas e agendas lotadas, é um desafio para qualquer um. Em Marrocos, sob o sol escaldante, entre os labirintos dos souks e a majestade do deserto, a família é forçada a confrontar não só as diferenças culturais, mas também suas próprias diferenças. Vemos o Vadhir tentando uma acrobacia arriscada, o José Eduardo reclamando da comida picante com aquele jeitinho blasé, a Aislinn buscando um momento de meditação em meio ao caos, e o Eugenio, ah, o Eugenio, tentando a todo custo manter as rédeas de uma situação que é inerentemente incontrolável. Não é só o jet lag que pesa; são as bagagens emocionais de anos, as expectativas de cada um, os pequenos atritos que só a intimidade forçada de uma viagem longa consegue expor.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Elenco Principal | Eugenio Derbez, Aislinn Derbez, Vadhir Derbez, José Eduardo Derbez, Alessandra Rosaldo, Aitana Derbez |
| Gênero | Documentário |
| Ano de Lançamento | 2019 |
| Produtoras | 3Pas Studios, Visceral, Amazon MGM Studios, Lionsgate Television, Ais Ais Baby Media Corporation, Amazon Studios |
E é aí que a série brilha. Ela nos convida a rir junto com eles, a sentir a frustração, a empatia e, por vezes, a vergonha alheia. Há momentos de pura genuinidade, como uma discussão sobre quem lavou a louça ou a busca desesperada por Wi-Fi, que te fazem esquecer que você está vendo uma família famosa na tela. Porque, no fim das contas, a família Derbez é gente como a gente, com suas peculiaridades, seus amores incondicionais e suas brigas bobas. A produção, por sinal, é impecável, com a 3Pas Studios, Visceral, Amazon MGM Studios e Lionsgate Television trabalhando juntas para nos dar não apenas imagens deslumbrantes de Marrocos, mas também uma intimidade quase palpável. A cinematografia é linda, mas nunca rouba o foco do que realmente importa: as pessoas e suas interações.
Viajando com a Família Derbez é mais do que uma série sobre uma família famosa. É um lembrete agridoce de que o amor, a família e a aventura são elementos universais. É uma celebração do que acontece quando você empurra as pessoas que ama para fora de sua zona de conforto e as obriga a se reconectar. É ver as mãos de Eugenio tremendo um pouco enquanto ele tenta segurar a frustração, o sorriso cansado de Alessandra, o riso solto e contagiante de Aitana que desarma qualquer mau humor. E, para mim, esse é o verdadeiro presente da série: nos fazer sentir parte dessa jornada, torcendo para que, no final, eles encontrem o que Eugenio tanto almejava – uma família mais unida. E a gente, do lado de cá, rindo e talvez, só talvez, pensando em como seria nossa própria aventura maluca em família.




