Viking: Uma Viagem Espacial Inesperada (e Hilariante)
Três anos se passaram desde que Viking, a comédia espacial de Stéphane Lafleur, chegou às plataformas digitais em 2022, e ainda me pego sorrindo ao lembrar de suas peculiaridades. Em vez da épica espacial que o título talvez sugira, somos apresentados a uma comédia de erros deliciosamente estranha, ambientada em uma simulação de Marte, onde um grupo de indivíduos dispares se encontram em uma situação absurda. David, Steven, Janet, Gary e Liz, interpretados por um elenco com uma química incrível, são os protagonistas dessa jornada peculiar que mistura drama, comédia e uma pitada deliciosa de ficção científica.
A sinopse, sem spoilers, se resume a isso: um experimento científico na simulação de Marte se transforma em um turbilhão de acontecimentos inusitados, revelando as fraquezas e as inesperadas forças humanas sob pressão. O filme se concentra mais nas relações interpessoais e na dinâmica do grupo do que em efeitos visuais grandiosos, o que, para mim, se revelou um acerto.
Lafleur, na direção, consegue extrair o melhor de um roteiro, coescrito com Eric K. Boulianne, que se equilibra precariamente entre o absurdo e o profundamente humano. A câmera, muitas vezes, se aproxima dos personagens, intensificando a sensação de claustrofobia e, simultaneamente, de intimidade. Não é um filme visualmente exuberante, mas sua estética minimalista contribui para o tom geral da obra. As locações, com toda a sua simplicidade, criam um ambiente crível e, ironicamente, épico na sua própria limitação.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Stéphane Lafleur |
Roteiristas | Stéphane Lafleur, Eric K. Boulianne |
Produtores | Luc Déry, Kim McCraw |
Elenco Principal | Steve Laplante, Larissa Corriveau, Fabiola N. Aladin, Hamza Haq, Denis Houle |
Gênero | Drama, Comédia, Fantasia, Ficção científica |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtora | micro_scope |
As atuações são impecáveis. Steve Laplante, como David, é o centro gravitacional do filme, enquanto Larissa Corriveau rouba a cena como Steven, com sua mistura de ingenuidade e sarcasmo. Fabiola N. Aladin, Hamza Haq e Denis Houle complementam o elenco com performances que transbordam autenticidade. A química entre os atores é palpável, o que é essencial para um filme que se apoia tanto na dinâmica entre os personagens.
Um dos pontos fortes de Viking é sua capacidade de se manter leve e divertida, mesmo ao abordar temas complexos. A fragilidade da psique humana diante do isolamento e da pressão, a natureza da realidade simulada e a busca por sentido em um contexto absurdamente artificial são alguns dos temas explorados com sutileza. Entretanto, a comédia não é apenas um artifício para aliviar a tensão; ela é parte integrante da narrativa, servindo para expor a fragilidade e as contradições dos personagens.
Um dos pontos fracos, para alguns, pode ser justamente essa delicadeza. O ritmo do filme pode ser considerado lento por aqueles que buscam uma trama mais acelerada e cheia de ação. A ausência de explosões e perseguições espaciais pode desapontar quem espera um filme de ficção científica tradicional. Mas, eu diria que essa é justamente a sua força. A sutileza é o tempero desta jornada.
Viking não é um filme para todos, é um filme para aqueles que apreciam o humor peculiar, a observação da condição humana e um final que, embora inesperado, deixa um gostinho de “quero mais”. Se você busca um épico espacial espetacular, procure em outro lugar. Mas se você está disposto a embarcar em uma viagem espacial que é, ao mesmo tempo, estranha e comovente, Viking é uma experiência cinematográfica que certamente vale a pena. Recomendo fortemente a sua apreciação em plataformas de streaming. Eu mesmo, pretendo rever o filme nos próximos meses, para apreciar novamente sua beleza peculiar. Afinal, em um mundo de blockbusters previsíveis, Viking é um sopro de ar fresco, uma obra peculiar e memorável.