Viral: Um Confinamento que Nos Assombra Nove Anos Depois
Nove anos se passaram desde que Viral invadiu as telas, e confesso, a memória desse filme, apesar de não ser um marco cinematográfico, ainda me assombra de forma peculiar. Não se trata de um terror grandioso, repleto de sustos baratos e sangue jorrando. Viral, dirigido pela dupla Henry Joost e Ariel Schulman, é um filme de terror contido, claustrofóbico, que se concentra na tensão crescente e no desespero humano diante de uma ameaça invisível e letal. A sinopse é simples: um vírus mortal se espalha por uma pequena cidade, isolando Emma e sua irmã de seus pais. O que se segue é uma luta pela sobrevivência, repleta de escolhas difíceis e dilemas morais, tudo sob a crescente pressão do isolamento e do medo do desconhecido.
A direção de Joost e Schulman é, sem dúvida, um dos pontos altos do longa. A atmosfera opressiva é construída com maestria, utilizando recursos visuais inteligentes e uma trilha sonora tensa que nos acompanha em cada momento de angústia. A câmera, muitas vezes próxima aos personagens, intensifica a sensação de claustrofobia, nos colocando no centro da ação e intensificando a empatia com as personagens. A escolha de filmar em espaços fechados, principalmente a casa das meninas, amplifica a sensação de aprisionamento e vulnerabilidade.
O roteiro, assinado por Christopher Landon e Barbara Marshall, apresenta um equilíbrio interessante entre o drama familiar e o terror de sobrevivência. A relação entre Emma e sua irmã, Stacey, interpretada por Lio Tipton, é convincente e nos permite acompanhar a evolução de suas personalidades diante do terror. A dinâmica entre as personagens, em especial a crescente tensão e as decisões difíceis que precisam tomar, é palpável. Embora o roteiro tenha alguns furos, as falhas são perdoáveis pela forma como a narrativa nos prende até o fim. A introdução do personagem Evan, interpretado por Travis Tope, adiciona um elemento romântico que, apesar de previsível, funciona como um contraponto aos momentos de puro desespero.
| Atributo | Detalhe |
|---|---|
| Diretores | Henry Joost, Ariel Schulman |
| Roteiristas | Christopher Landon, Barbara Marshall |
| Produtores | Jason Blum, Sherryl Clark, Matt Kaplan |
| Elenco Principal | Sofia Black-D'Elia, Lio Tipton, Travis Tope, mgk, Michael Kelly |
| Gênero | Drama, Terror, Ficção científica |
| Ano de Lançamento | 2016 |
| Produtoras | IM Global Octane, Blumhouse Productions, Dimension Films, Busted Shark Productions, Chapter One Films |
Sofia Black-D”Elia, no papel de Emma, entrega uma performance convincente, transmitindo a fragilidade, o medo, e a força necessária para sobreviver. O elenco como um todo cumpre seu papel, com destaques para a atuação contida e impactante de Michael Kelly, no papel do pai, e a participação de mgk (Machine Gun Kelly) que, apesar de um papel menor, adiciona uma pitada de imprevisibilidade.
No entanto, Viral não é isento de falhas. O desenvolvimento de alguns personagens secundários poderia ter sido mais aprofundado, e o roteiro, em alguns momentos, se entrega a clichês do gênero. A explicação do vírus em si, por exemplo, deixa a desejar, privilegiando a atmosfera de suspense em detrimento de uma construção mais científica e consistente. Mas, sinceramente, esses pontos fracos acabam sendo suplantados pela atmosfera tensa e o drama humano que o filme consegue construir.
O filme explora temas relevantes como a fragilidade da vida humana diante de uma catástrofe, a importância da família e da solidariedade em momentos de crise, e a dificuldade de lidar com o luto e a perda. A mensagem, embora não seja explicitamente apresentada, é poderosa: mesmo em meio ao caos e ao terror, o espírito humano persiste, procurando sempre um raio de esperança, mesmo que isso signifique lutar contra o impossível.
Em 2025, olhando para Viral com a perspectiva do tempo, vejo um filme que, apesar de suas imperfeições, conseguiu me tocar profundamente. Não é um filme para todos, é um filme que exige atenção e entrega, mas para quem gosta de um terror psicológico, mais focado na tensão do que no gore, Viral é uma experiência memorável e ainda perturbadora. Recomendo-o sem hesitar, especialmente para aqueles que apreciam o terror contido e a construção de atmosfera. Acho que ele merece uma nova apreciação pelas plataformas digitais, e torço para que a qualidade da transmissão não afete a experiência original. Afinal, alguns filmes, assim como certos vírus, deixam uma marca duradoura.




