Viva: A Vida é uma Festa – Uma Ode à Família e à Música, com Algumas Notas Discordantes
Oito anos se passaram desde que Miguel, um garoto mexicano apaixonado por música, se aventurou na Terra dos Mortos em busca de seu ídolo, o lendário Ernesto de la Cruz. Viva: A Vida é uma Festa, lançado em 2017 e visto por mim em 2025 em uma das plataformas de streaming, continua a ser uma experiência visual e auditiva cativante, mas sua perfeição, tão propagada, é uma questão que merece ser revisitada.
A sinopse, já conhecida por todos: Miguel, impedido de seguir sua paixão pela música pela família, encontra-se em um mundo mágico e vibrante onde os mortos celebram a vida. Lá, ele se une a Héctor, um esqueleto charmoso e misterioso, numa jornada para desvendar os segredos de sua ancestralidade e, quem sabe, conseguir a benção para tocar música. A premissa, aparentemente simples, serve de trampolim para uma exploração complexa de temas familiares e culturais profundamente arraigados na tradição mexicana.
Lee Unkrich, na direção, demonstra uma maestria inegável na construção de um mundo visualmente deslumbrante. A vibração da Terra dos Mortos, repleta de cores vibrantes e detalhes intrincados, é simplesmente hipnotizante. A animação Pixar está, como sempre, impecável, e as sequências musicais são coreografadas com precisão e uma energia contagiante. A beleza do filme, no entanto, não se limita à estética. O roteiro, assinado por Adrian Molina e Matthew Aldrich, tece uma narrativa emocionalmente rica, com momentos de humor, drama e, sim, algumas pitadas de previsibilidade que, em minha opinião, não comprometem o impacto geral da história.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Lee Unkrich |
Roteiristas | Adrian Molina, Matthew Aldrich |
Produtora | Darla K. Anderson |
Elenco Principal | Anthony Gonzalez, Gael García Bernal, Benjamin Bratt, Alanna Ubach, Renée Victor |
Gênero | Família, Animação, Música, Aventura |
Ano de Lançamento | 2017 |
Produtora | Pixar |
As atuações de voz, tanto na versão original quanto na dublagem brasileira (depende de sua experiência pessoal, evidentemente), são excepcionais. Anthony Gonzalez como Miguel, Gael García Bernal como Héctor e Benjamin Bratt como o enigmático Ernesto de la Cruz entregam performances memoráveis que transmitem a gama completa de emoções dos personagens. A química entre Miguel e Héctor é particularmente convincente, gerando um vínculo emocional palpável para o espectador.
Mas nem tudo são flores no paraíso dos mortos. Apesar de seu apelo universal, Viva: A Vida é uma Festa sofre de alguns problemas. A narrativa, apesar de bem-intencionada, em certos momentos se torna previsível e, talvez, até um pouco açucarada demais. A resolução de certos conflitos parece um tanto apressada, sacrifica a profundidade em prol da conclusão “feliz”. É uma crítica que já se ouvia em 2017, e com o passar do tempo, a sensação de “já vi isso antes” se intensifica.
Porém, o que salva o filme é o seu coração. As mensagens sobre família, identidade e a importância de honrar as nossas raízes ressoam profundamente. A celebração da cultura mexicana, com sua riqueza musical e tradições ancestrais, é genuína e respeitosa. A música, em si, é um personagem à parte, com canções cativantes que se misturam perfeitamente à narrativa e ainda ecoam na minha cabeça até hoje. A complexidade do relacionamento de Miguel com sua família, atravessado pela desaprovação da sua paixão, é um tema universal que toca diretamente no espectador. Apesar das previsibilidades, o filme entrega uma mensagem poderosa e comovente.
Em resumo, Viva: A Vida é uma Festa é uma obra-prima visual, musical e emocionalmente rica, que transcende a barreira do público infantil. Sim, a previsibilidade da trama pode incomodar, e algumas resoluções parecem ligeiramente apressadas. Contudo, a qualidade da animação, a força do roteiro em seus melhores momentos, e a mensagem essencialmente otimista e comovente da história garantem que o filme seja uma experiência memorável. Recomendo fortemente, principalmente para quem busca uma animação que seja ao mesmo tempo divertida e profundamente tocante. Se você aprecia animações da Pixar, certamente apreciará este longa-metragem.