X: A Marca da Morte – Um Massacre em Celulóide com Alma
Ti West, nome que ecoa no universo do terror moderno, nos presenteou em 2022 com X: A Marca da Morte, um longa que não se contenta em ser apenas mais um filme slasher. Lançado no Brasil em 28 de julho de 2022, o filme – que assisti em plataformas digitais em 2025, quase três anos depois – transcende a fórmula, entregando uma experiência visceral, inteligente e, por vezes, profundamente perturbadora. A trama acompanha um grupo de jovens ambiciosos que se aventuram na produção de um filme pornográfico em uma isolada fazenda no Texas, durante o ano de 1979. O que começa como uma busca por realização profissional e prazer se transforma em um pesadelo sangrento quando os idosos e solitários donos da propriedade revelam um lado sombrio e aterrador.
A direção de West é exemplar. Sua sensibilidade para a construção de suspense é notável; a atmosfera opressiva da fazenda, a tensão crescente à medida que a noite se aproxima e a câmera que acompanha os personagens com uma intimidade quase desconfortável, tudo contribui para uma imersão completa. O filme respira o espírito dos slashers clássicos dos anos 70 e 80, mas se recusa a ser apenas uma cópia. West injeta uma estética peculiar, carregada de nostalgia, que não apenas homenageia o gênero, mas também o atualiza para um público contemporâneo. A trilha sonora, discreta e eficaz, realça a tensão sem jamais se tornar intrusiva.
O roteiro, também assinado por West, é, talvez, o maior triunfo do filme. A trama é simples, mas eficiente, construindo seus personagens com uma profundidade inesperada. Não são apenas vítimas em potencial; cada um carrega suas próprias frustrações, desejos e medos, o que torna suas mortes mais impactantes. Apesar do tom gore, o roteiro aborda temas complexos – a sexualidade, a velhice, a mortalidade e o confronto com a própria decadência – com uma sensibilidade surpreendente. Não há moralismos baratos; a violência é brutal, mas não gratuita, servindo como consequência lógica de escolhas e de um conflito geracional explosivo. Observei, inclusive, um sutil comentário sobre a exploração da juventude dentro do contexto de uma indústria que, ao mesmo tempo, a celebra e a descarta.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Ti West |
Roteirista | Ti West |
Produtores | Ti West, Jacob Jaffke, Sam Levinson, Kevin Turen |
Elenco Principal | Mia Goth, Jenna Ortega, Brittany Snow, Kid Cudi, Martin Henderson |
Gênero | Terror, Thriller |
Ano de Lançamento | 2022 |
Produtoras | A24, Little Lamb Productions |
As atuações são impecáveis. Mia Goth, em um papel duplo como Maxine e Pearl, rouba a cena com uma performance visceral e multifacetada. Jenna Ortega entrega uma interpretação convincente de uma jovem que tenta navegar pelas águas turbulentas da indústria cinematográfica adulta. O restante do elenco, incluindo Brittany Snow, Kid Cudi e Martin Henderson, oferecem performances sólidas, contribuindo para a construção de uma dinâmica de grupo complexa e crível.
Um dos pontos fortes de X: A Marca da Morte é sua capacidade de criar empatia, mesmo com personagens que se envolvem em atividades moralmente questionáveis. West consegue nos fazer sentir a vulnerabilidade de cada um, confrontando-nos com a fragilidade da vida e a inevitabilidade da morte. No entanto, o filme peca em alguns momentos por uma certa previsibilidade em algumas de suas reviravoltas. A construção de suspense, embora eficaz na maior parte do tempo, perde um pouco de força em alguns momentos mais arrastados.
Em suma, X: A Marca da Morte é um filme que transcende o gênero slasher, oferecendo uma experiência cinematográfica rica e multifacetada. Ao analisar o filme hoje, em 2025, percebo que ele se destaca na sua capacidade de entreter, provocar e, ao mesmo tempo, de nos confrontar com temas atemporais. A combinação de violência explícita com um desenvolvimento psicológico aguçado e o uso magistral de elementos da cultura pop dos anos 70 resulta em um filme memorável. Recomendo fortemente este longa-metragem a quem aprecia filmes de terror inteligentes e que se aventurem além dos clichês do gênero. Se você curte slashers com um tempero de profundidade existencialista e atuações memoráveis, não perca a oportunidade de assistir a este filme.