Zootopia: Essa Cidade é o Bicho – Uma Ode à Tolerância (ou, Como a Disney quase me fez chorar em 2016)
Nove anos se passaram desde que fui apresentado a Zootopia: Essa Cidade é o Bicho, e a memória ainda me causa uma estranha mistura de admiração e nostalgia. A animação da Disney, lançada em 17 de março de 2016 no Brasil, não é apenas mais um filme infantil; é uma alegoria sofisticada e, ao mesmo tempo, deliciosamente acessível, que explora temas complexos de preconceito, justiça e reconciliação de forma tão inteligente que chega a ser desconcertante.
A sinopse, sem spoilers, é simples: numa cidade habitada por animais antropomórficos, a otimista coelha Judy Hopps, recém-formada na academia de polícia, precisa superar o preconceito para provar seu valor. Nesse caminho, cruza com Nick Wilde, uma raposa esperta e vigarista, com quem forma uma parceria improvável para resolver um caso de desaparecimento. A trama se desenrola em uma metrópole vibrante e detalhada, uma verdadeira festa para os olhos, repleta de personagens carismáticos e situações hilárias.
A direção de Byron Howard e Rich Moore é impecável. A animação é simplesmente deslumbrante, cada personagem e cenário ressoando com personalidade e detalhe. A construção de Zootopia é genial, refletindo a complexidade da sociedade humana de forma lúdica, mas sem jamais perder a sutileza. A construção do roteiro de Jared Bush e Phil Johnston é outro ponto alto. A narrativa equilibra perfeitamente a comédia – às vezes chegando ao nível de farsa, especialmente com personagens como o adorável Clawhauser – com momentos de suspense e profundidade emocional, culminando em um clímax emocionante.
Atributo | Detalhe |
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Diretores | Byron Howard, Rich Moore |
Roteiristas | Jared Bush, Phil Johnston |
Produtor | Clark Spencer |
Elenco Principal | Ginnifer Goodwin, Jason Bateman, Idris Elba, Jenny Slate, Nate Torrence |
Gênero | Animação, Aventura, Família, Comédia |
Ano de Lançamento | 2016 |
Produtoras | Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Pictures |
As atuações de voz são igualmente magistrais. Ginnifer Goodwin como Judy Hopps consegue transmitir perfeitamente a determinação e a vulnerabilidade da personagem; Jason Bateman, como Nick Wilde, personifica a ironia e o charme com maestria; e Idris Elba empresta sua voz grave e imponente a Chief Bogo. A performance de Jenny Slate como a vilã Bellwether é particularmente memorável, uma demonstração de como uma personagem aparentemente inofensiva pode esconder segredos tão obscuros.
Os pontos fortes de Zootopia são inúmeros: a originalidade da premissa, a profundidade da mensagem, a qualidade da animação e a excelente dublagem. Mas até mesmo obras-primas têm suas falhas. Algumas piadas podem parecer um tanto forçadas e, para um público mais atento, algumas passagens narrativas poderiam ser mais elaboradas. Mas, sinceramente, esses pequenos defeitos são facilmente perdoáveis diante da grandiosidade do todo.
O filme tece uma crítica sutil, porém poderosa, aos estereótipos e preconceitos sociais. A jornada de Judy para superar o bullying e a discriminação que enfrenta por ser uma coelha em um mundo dominado por animais maiores e mais “poderosos” é comovente e profundamente relevante. A narrativa aborda temas como justiça social, a importância de julgar as pessoas pelo seu caráter e não pela sua aparência ou origem, e a necessidade de diálogo e reconciliação para construir uma sociedade mais justa. A utilização de animais como metáforas para grupos sociais distintos é uma alegoria brilhante que amplifica a mensagem sem ser didática ou panfletária.
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho não é apenas um filme de animação; é uma experiência cinematográfica completa, que te diverte, te comove e te faz pensar. A Disney conseguiu, mais uma vez, transcender as expectativas, criando uma obra-prima que permanece relevante anos depois de seu lançamento. Sua recepção pela crítica em 2016 foi overwhelmingly positiva, e posso atestar que, em 2025, essa opinião continua válida. Atualmente, é fácil acessá-lo em diversas plataformas de streaming, e recomendo fortemente sua visualização para toda a família. É um filme que, mesmo nove anos depois, continua a me surpreender e a me emocionar. É uma obra que merece ser celebrada e relembrada como um marco na animação e na discussão sobre tolerância e respeito. Assistam e confirmem!