Além das Profundezas: Um mergulho na angústia e na irmandade
Cinco anos se passaram desde que Além das Profundezas (Breaking Surface, no original) chegou às telas brasileiras em 05 de maio de 2021, e a lembrança daquela experiência subaquática, claustrofóbica e emocionalmente tensa, continua viva na minha memória. O filme, dirigido e roteirizado por Joachim Hedén, acompanha duas irmãs em uma viagem de mergulho que vira um pesadelo quando um acidente as separa no fundo do mar gelado. A jornada de uma para salvar a outra se transforma em uma corrida desesperada contra o tempo e a falta de oxigênio. É um thriller dramático que promete – e em grande parte cumpre – uma imersão visceral na luta pela sobrevivência.
A direção de Hedén é eficiente em criar a atmosfera sufocante e opressora do ambiente subaquático. Ele usa o silêncio e a escuridão como ferramentas poderosas, construindo uma tensão crescente que te prende à tela. A câmera, muitas vezes próxima às atrizes, intensifica a sensação de claustrofobia e vulnerabilidade, transmitindo a angústia das personagens de forma palpável. Apesar da eficácia da construção da tensão, o roteiro peca em alguns aspectos. A caracterização das personagens, como apontado em algumas críticas que li em 2020, é superficial. Não conseguimos entender completamente a dinâmica das irmãs Ida (Moa Gammel) e Tuva (Madeleine Martin) antes do acidente, deixando a relação delas um pouco desprovida de profundidade emocional, a despeito da evidente afeição entre elas.
As atuações, por outro lado, são um ponto alto. Moa Gammel, em particular, brilha como Ida, a irmã presa nas profundezas. Sua interpretação consegue transmitir uma gama de emoções – pânico, desespero, determinação – com grande naturalidade e poder. Madeleine Martin também entrega uma performance convincente, mostrando a luta interior de Tuva, dividida entre o medo pela irmã e a pressão da situação. O restante do elenco oferece um suporte adequado, embora seus papéis sejam mais limitados.
Atributo | Detalhe |
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Diretor | Joachim Hedén |
Roteirista | Joachim Hedén |
Produtores | Peter Possne, Linda Netland, Anna Croneman, Joakim Rang Strand, Inge Wegge, Jonas Sörensson, Julia Gebauer |
Elenco Principal | Moa Gammel, Madeleine Martin, Lena Hope, Trine Wiggen, Maja Söderström |
Gênero | Drama, Thriller |
Ano de Lançamento | 2020 |
Produtoras | uMedia, Weggefilms, Way Creative Films, Film i Väst, Film i Skåne, SVT |
A semelhança com “47 Meters Down”, apontada por alguns críticos, é inegável, especialmente na premissa central. Mas Além das Profundezas encontra uma identidade própria em sua exploração da relação entre as irmãs. A narrativa, embora simples, é eficaz em nos colocar na pele das personagens e nos fazer torcer pela sobrevivência delas. O filme é, sim, um pouco didático em certos momentos, e a ausência de desenvolvimento mais profundo das personagens pode ser considerada um ponto fraco. O ritmo, por vezes, se torna um pouco lento e o desfecho, embora previsível, não decepciona completamente.
A mensagem do filme, no entanto, vai além do simples thriller de sobrevivência. Ele explora os laços familiares, a força da irmandade e a capacidade humana de superar adversidades extremas. A resiliência de Ida, a luta desesperada de Tuva, a tensão e a urgência da situação nos fazem refletir sobre a importância dos relacionamentos e o poder do amor em momentos de crise.
Em resumo, Além das Profundezas é um filme que funciona melhor como um emocionante thriller de sobrevivência do que como um estudo profundo de personagens. Apesar de suas falhas em termos de desenvolvimento de narrativa e profundidade emocional, a direção competente, as atuações sólidas e a tensão crescente fazem dele uma experiência cinematográfica envolvente. Recomendo o filme para quem busca um suspense subaquático que prende a atenção, principalmente se disponível em plataformas de streaming. Se você for um cinéfilo buscando uma obra-prima complexa, talvez não seja a melhor escolha, mas para uma noite de suspense, vale a pena o mergulho.